O mês de setembro terminou com o maior recorde de área queimada no Distrito Federal, desde 2012. Ao todo, os incêndios florestais destruíram 8.860,54 hectares de vegetação. Na comparação, é como se fossem devastadas pelo fogo as regiões de Taguatinga, Riacho Fundo, Sobradinho II, Jardim Botânico, Arniqueira e Sudoeste.
Já, no acumulado do ano, em 2020, foram queimados 18.831,43 hectares de cerrado. Nesse período, o Corpo de Bombeiros combateu 6.762 focos de incêndio.
Na série histórica, desde 2012, o recorde anterior de queimadas havia sido registrado em 2019, quando 16.177,51 hectares de mata foram destruídos. Entre julho e setembro – período de seca no DF – o fogo consumiu 18,1 mil hectares de Cerrado e superou os registros do ano anterior.
Uma região que sofreu com as queimadas em setembro foi o Lago Oeste. No dia 17 de setembro, o Corpo de Bombeiros chegou a usar um avião para controlar as chamas, que assustaram os moradores.
Calor e queimadas
A estiagem e os baixos índices de umidade aumentam a preocupação com a preservação do Cerrado. Na tarde deste domingo (4), o DF registrou um novo recorde de calor e também teve o dia mais seco do ano em 2020.
Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), os termômetros marcaram 36.7ºC e chegou a 9% de umidade, na estação Águas Emendadas, em Planaltina.
Com o tempo seco, as queimadas castigam e causam prejuízos incalculáveis à fauna e à flora da região. O especialista em meio ambiente, Charles Dayler disse que, além dos fenômenos naturais, as questões ligadas ao uso e à ocupação do solo também estão ligadas ao agravamento dos incêndios.
“Falta também educação ambiental por parte da população que promove queimadas. E até mesmo de restos de poda e descarte de cigarro acesso, por exemplo.”
Incêndios criminosos
Outra situação que o especialista chama a atenção são para os incêndios florestais criminosos, que segundo ele, são as principais fontes de queimadas.
Charles Dayler ressalta que essas atitudes devem ser combatidas. “Os instrumentos para isso têm que ser trabalhados de formas distintas. Existem aqueles que colocam fogo de propósito e aquelas pessoas que ateiam fogo de forma indireta“, explicou.
“No caso dos incêndios criminosos, as penalidade têm que ser mais duras, o rito de aplicação e execução têm que ser mais célere”, disse.
Dayler afirma também que para aqueles que agem de forma indireta, não intencional, devem ser produzidos materiais educativos alertando sobre os riscos dos incêndios para o meio ambiente.”Diversas faixas etárias devem ser atingidas, bem como o público urbano e rural”, ponderou.
Risco ao ecossistema
Para a bióloga Isolda Monteiro “faltam ações do governo federal e do governo do DF” nas políticas ambientais. Para ela, os que mais sofrem são os que têm menos culpa. “O risco é para todo o ecossistema local e para toda a fauna e flora”, afirmou.
“O governo precisa além melhorar as políticas ambientais, dar suporte para que a população seja conscientizada.”
“Todas essas queimadas que estamos tendo no DF, os animais ficam sem abrigo e podem buscar abrigo nas casas próximas. A educação é a base de tudo“, lembrou a bióloga.
Incêndios no fim de semana
Neste domingo (4), o Corpo de Bombeiros registrou 175 chamados de combate a incêndio. Em um deles, em Brazlândia, o fogo atingiu uma área de mata. As chamas começaram pela manhã e, no início da noite, os militares ainda tentavam combater a queimada.
Na L3 Norte, o fogo começou às 15h. Os bombeiros usaram bombas nas costas, abafadores e até um caminhão com capacidade para 4 mil e 500 litros de água.
Bombeiro durante queimada na L3 Norte no DF — Foto: TV Globo/Reprodução
Bombeiros controlam queimada na L3 Norte no DF — Foto: TV Globo/Reprodução
Área de mata perto da Torre de TV Digital pegou fogo, no sábado (3) — Foto: Corpo de Bombeiros do DF/Divulgação
Queimada na região do Lago Oeste no DF, em setembro de 2020 — Foto: Reprodução
No sábado (3), uma área de mata próxima à Torre de TV Digital pegou fogo. Uma fumaça densa invadiu a pista nas proximidades da torre Digital e pôde ser vista de diversos pontos da capital. O Corpo de Bombeiros não informou o total da área queimada. (G1)