Apenas dois possantes italianos somam, juntos, a bagatela de R$ 6 milhões. Todos os veículos teriam sido comprados com dinheiro das rifas
Reprodução
Carros superesportivos com motores nervosos impulsionados pelas mais famosas e caras montadoras de veículos do mundo, como as italianas Ferrari e Lamborghini, fazem parte da coleção automotiva do youtuber Kleber de Moraes, o Klebim. Os carrões são dignos de fazer inveja aos amantes da velocidade. Apenas os dois possantes italianos somam, juntos, a bagatela de R$ 6 milhões.
Youtuber do DF com 4 mi de seguidores é preso por lavagem de dinheiro
Todos os veículos são alvo de busca e apreensão no âmbito da Operação Huracán, que desmantelou um esquema de rifas ilegais e lavagem de dinheiro que renderam milhões ao influenciador digital. A Polícia Civil do DF (PCDF) cumpriu, nesta segunda-feira (21/3), mandados de busca e apreensão de nove carros de luxo, todos comprados com dinheiro proveniente das rifas ilegais.
De acordo com a Divisão de Repressão a Roubos e Furtos (DRF), foram apreendidos, além da Ferrari Spider 458 e da Lamborghini Huracán, que batiza a operação, outros carros como uma BMW Z4, uma Mercedes Benz GLA 200 e uma C200, além de uma VW Tiguan, uma caminhonete Ford F-250 e uma VW Amarok. Um GM Ômega customizado também foi alvo de busca.
Laranjas
As investigações conduzidas pela PCDF identificaram que boa parte dos veículos comprados pela associação criminosa era colocada em nome de laranjas, entre eles a própria mãe de Klebim. Um Camaro, por exemplo, e uma Mercedes teriam sido colocados em nome dela.
O objetivo seria ocultar o patrimônio comprado com o dinheiro das rifas ilegais. O esquema seria um circulo vicioso, onde o youtuber adquiria carros caríssimos e depois os rifavam, faturando duas ou três vezes o valor pago. Após a entrega do veículo feita ao vencedor, Klebim comprava outro carro para ser novamente rifado, mas sempre tendo uma boa margem de lucro.
As investigações da Operação Huracán apontaram que o influenciador digital utilizava seus perfis nas redes sociais para promover e realizar sorteios de veículos de luxo e preparados, com sofisticados sistemas de som e customização. Klebim e outros três alvos foram presos temporariamente pelos crimes de lavagem de dinheiro e exploração de jogos de azar.
A operação
De acordo com as apurações, os sorteios não são autorizados pelos órgãos competentes. Além disso, o youtuber não recolhe impostos. Como ganha muito dinheiro com as rifas, Klebim também passou a emprestar dinheiro para criminosos que praticam roubos e furtos.
Também acabaram presos acusados de integrar o esquema criminoso, como Pedro Henrique Barroso Neiva, Vinícius Couto Farago e Alex Bruno da Silva Vale. Todos ajudariam a movimentar as rifas clandestinas e auxiliariam na entrega dos veículos recebendo comissões em dinheiro pagas pelo influenciador digital.
A DRF identificou que o esquema era altamente lucrativo e apurou-se que os criminosos movimentaram R$ 20 milhões em apenas dois anos.
Rifa clandestina
Fazer rifas é ilegal, de acordo com o Ministério da Economia, responsável por regrar e fiscalizar loterias e jogos de azar no País. Segundo a pasta, ainda que o dinheiro sirva para bancar projetos de veículos ou seja total ou parcialmente direcionado para caridade, a prática é considerada clandestina e irregular.
A legislação permite sorteios e rifas com venda de cotas apenas para instituições filantrópicas e mediante autorização especial – nesse caso, os sorteios devem ser realizados necessariamente via Loteria Federal. De acordo com o órgão, “a exploração de bingos, loterias e sorteios é atividade ilegal e constitui contravenção penal”, além de ser um “serviço público exclusivo da União”.
Por meio de nota, o ministério informa que, se houver comprovação de prejuízos a qualquer participante, poderá ser configurado ilícito penal ou, “no mínimo”, lesão ao consumidor.