A família do professor João Nogueira, que em 2014 adotou um grupo de seis irmãos, conseguiu o valor necessário para comprar o “Kombão do Amor”. A realização do desejo de ter um veículo para transportar Eduarda, Eduardo, Yasmin, as trigêmeas Ana Clara, Maria Luiza e Mariana, além do próprio João e da namorada dele Árina Cynthia, foi possível com a ajuda de centenas de desconhecidos.
Por meio de uma vaquinha virtual, a família conseguiu comprar o veículo, modelo 2010. Nesta sexta (7), João disse que a expectativa é buscar o carro na próxima semana.
“Acredito que vamos conseguir pegá-la na quarta (12) ou quinta-feira (13).”
O pai da “grande família” contou que estava ansioso para que eles conseguissem comprar o veículo antes do começo das aulas. “As crianças estão muito animadas”, comemora ele.
Há seis anos, o professor João Nogueira conheceu a Eduarda em um abrigo de Brasília. “Foi amor à primeira vista”, confessa.
Imediatamente João, que não tinha filhos, quis adotar a menina. Mas, a Eduarda tinha outros cinco irmãos: Eduardo, Yasmin e as trigêmeas Ana Clara, Maria Luiza e Mariana.
O professor lembra que percebeu que ali já havia uma família e decidiu não separá-los. Ele e a esposa decidiram adotar os seis, de uma vez.
O processo começou no final de 2013. Em janeiro de 2014 o casal entrou com o pedido de guarda. Desde então, “muitas mudanças ocorreram”, diz João que se separou da mulher, perdeu o emprego, ficou sem carro – mas conta que nunca pensou em separar as crianças.
Eduarda está com 14 anos, Eduardo tem 12, as trigêmeas 10 e Yasmin, a caçula, fez 8 anos. Todos moram com João.
O problema, diz ele, era que transportar essa turma. Um novo carro, ainda em sonho, já era imaginado e recebeu o nome de “Kombão do Amor”. Agora, a família só espera pela chave e agradece a todos que ajudaram.
Adoção no Brasil
A história de João Nogueira é uma raridade no cenário da adoção no Brasil e no Distrito Federal. De acordo com a Vara da Infância e Juventude do DF (VIJ-DF), no país existem 42 mil famílias habilitadas para a adoção.
Do outro lado da fila, estão 4,8 mil crianças e adolescentes a espera de um lar. No entanto, tal qual os filhos de João, são grupos de irmãos, crianças mais velhas ou com algum tipo de doença crônica ou deficiência e não se encaixam no “perfil preferido pelos adotantes”.
No DF, neste início de 2020 há 570 famílias estão habilitadas para a adoção e cerca de 110 crianças e adolescentes nas instituições de acolhimento, prontas para receber uma nova família.
Mas cerca de 80% delas, têm entre 10 e 18 anos incompletos. Segundo a Vara da Infância e Juventude, 90% dos pretendentes ainda buscam menores de 3 anos para adotar.
De acordo com o supervisor da VIJ, Walter Gomes, o “perfil clássico” procurado pelas famílias ainda é de recém-nascidos saudáveis e sem irmãos. “Mas existe um movimento em todo o país com o objetivo de dar visibilidade a essas crianças e adolescentes com perfis preteridos”, afirma.
“Tudo o que essas crianças querem é conhecer e fazer parte de uma família que os aceite como filhos e filhas. Alguém para chamar de pai e mãe.”