Pedido de prisão preventiva foi apresentado por promotor que investiga Martín Vizcarra por corrupção quando era governador de Moquegua (2011-2014). Para o promotor, há risco de fuga do ex-presidente. Vizcarra diz que não há qualquer tentativa de evasão à Justiça e que já testemunhou cinco vezes desde a abertura do caso
O ex-presidente peruano Martín Vizcarra reagiu com surpresa neste sábado (13) ao pedido de 18 meses de prisão preventiva contra ele apresentada por um promotor no âmbito das investigações por suposta corrupção enquanto era governador da região sul de Moquegua, em 2014.
“Nem eu nem meu advogado tínhamos os documentos, e eles já estavam na imprensa”, criticou o ex-presidente em declarações a jornalistas em Lima, capital do Peru.
O pedido de prisão preventiva foi apresentado a um juiz pelo procurador Germán Suárez, por considerar que existe o risco de fuga de Vizcarra, que vem sendo investigado desde o ano passado.
Vizcarra, de 57 anos, rejeitou qualquer tentativa de evasão à Justiça e garantiu que já testemunhou cinco vezes perante o promotor desde a abertura do caso.
O Judiciário anunciou neste sábado (13) que a audiência para avaliar o pedido e decidir o destino de Vizcarra será realizada no dia 17 de março.
A audiência será por videoconferência em decorrência das medidas de biossegurança decorrentes da pandemia e estará a cargo da juíza María Álvarez, da primeira vara de Investigação Preparatória de crimes de corrupção de funcionários.
A juíza definirá se manda o ex-presidente para a prisão por 18 meses ou se apresenta medidas cautelares para restringir sua liberdade.
Se for enviado para a prisão preventiva, Vizcarra pode se tornar o segundo ex-presidente peruano nessa condição. Seu antecessor, Pedro Pablo Kuczynski (2016-2018), do qual foi vice-presidente, cumpre uma pena de 36 meses de prisão domiciliar desde abril de 2019 por envolvimento no escândalo de corrupção da Odebrecht.
Vizcarra, que presidiu o Peru entre 2018 e 2020, deu a entender que o pedido do Ministério Público faz parte de uma tentativa de retirá-lo da disputa eleitoral, no momento em que concorre a uma cadeira legislativa nas eleições de 11 de abril.
“O promotor Juárez deixou de ser promotor e passou a ser apenas mais um deputado. Nessa campanha de denúncias diárias do Congresso, temos um pedido de prisão (preventiva) pelo Ministério Público”, denunciou o advogado de Vizcarra, Fernando Ugaz.
De acordo com a imprensa local, o procurador Juárez tem depoimentos de até cinco pessoas que afirmam ter intervindo no pagamento de supostas propinas a Vizcarra em troca de obras públicas quando ele era governador de Moquegua (2011-2014).
O popular ex-presidente também está no olho da Justiça por ter se vacinado secretamente contra a Covid-19 em outubro em 2020, meses antes do início da imunização no país.
Vizcarra se tornou popular por travar uma cruzada contra a corrupção, um dos males do Peru, antes de ser destituído pelo Congresso dominado pela oposição em um rápido julgamento de impeachment em novembro de 2020. O processo desencadeou uma crise que levou o Peru a ter três presidentes em uma semana.
Por France Presse*