O secretário de Estado americano, John Kerry, se encontra na Arábia Saudita nesta quinta-feira (11/9) para mobilizar os aliados dos Estados Unidos na região para combater o Estado Islâmico (EI) no Iraque e na Síria, mas Damasco advertiu contra os ataques sem o seu consentimento.
O anúncio de quarta-feira (10/9) do presidente americano, Barack Obama, de ampliar a ação contra o EI do Iraque para a Síria mudou a dimensão do conflito.
O Iraque e a oposição síria, principais beneficiários da ajuda americana para combater o grupo sunita extremista responsável por ataques atrozes, celebraram o anúncio de Obama, mas o governo sírio advertiu que uma ação “sem o consentimento do governo sírio seria um ataque à Síria”.
“Nosso objetivo é claro: vamos rebaixar e destruir o EI”, uma “organização terrorista que não tem outra visão que o massacre de todos os que se opõem a ela”, disse Obama em um discurso na quarta-feira (10/9) à /noite, véspera do aniversário dos atentados de 11 de setembro.
“Não hesitarei em atuar contra o EI na Síria e no Iraque”, completou.
O presidente americano segue descartando, no entanto, o envio de tropas terrestres. Washington também reforçará o exército iraquiano e enviará mais ajuda militar aos rebeldes sírios moderados.
Obama anunciou ainda uma “ampla coalizão para aniquilar a ameaça terrorista”, principalmente com os sócios dos Estados Unidos no Oriente Médio, cada vez mais preocupados com o avanço do EI, que declarou um “califado” entre a Síria e o Iraque.
Plano em prática
A reunião entre Kerry e seus colegas das monarquias do Golfo (Arábia Saudita, Bahrein, Emirados Árabes Unidos, Kuwait, Omã, Catar), Líbano, Egito, Jordânia, Iraque e Turquia em Jidá pretende definir o modo de aplicar o plano americano.
Washington pretende reforçar as bases no Golfo e aumentar os voos de vigilância, segundo uma fonte do Departamento de Estado. A Arábia Saudita será um “elemento chave da coalizão por seu tamanho, peso econômico e alcance religioso com os sunitas”, disse.
“A Turquia não participará em nenhuma operação armada, mas se concentrará totalmente nas operações humanitárias”, confirmou à AFP uma fonte governamental que pediu anonimato, antes de indicar que Ancara poderia autorizar o uso da base militar de Incirlik para operações logísticas.
Vários países europeus também ofereceram apoio aos Estados Unidos. O presidente francês, François Hollande, viajará na sexta-feira (12/9) ao Iraque e o país pode participar nos ataques aéreos neste país “se for necessário”./
Mas o ministro britânico das Relações Exteriores, Philip Hammond, disse nesta quinta-feira (11/9) que o Reino Unido “não vai participar em nenhum ataque aéreo na Síria”, apesar de não ter descartado a possibilidade de fazer isso no Iraque.
Advertências sobre os ataques
O governo do Iraque elogiou o anúncio de que o governo americano enviará 475 conselheiros militares a mais ao país para formar e ajudar as forças curdas e iraquianas.
Até o momento, Obama havia insistido em virar a página após 10 anos de guerra no Iraque, de onde as tropas americanas saíram em 2011.
Desde 8 de agosto aconteceram mais de 150 ataques aéreos, que foram determinantes para permitir ao exército recuperar territórios controlados pelo EI.
Na Síria, a posição de Washington é mais delicada, pois enfrenta um inimigo comum ao presidente Bashar al-Assad.
A Coalizão Nacional da oposição síria saudou o anúncio e pediu ações contra o governo de Assad, por considerar sua queda uma condição necessária para uma “região estável e sem extremistas”.
Mas o ministro sírio da Reconciliação Nacional, Ali Haidar, afirmou que “qualquer ação de qualquer tipo sem o consentimento do governo seria um ataque à Síria”. “É necessário cooperar e coordenar com a Síria e obter seu aval para qualquer ação em seu território, seja militar ou não”.
Para a Rússia, “sem uma decisão apropriada do Conselho de Segurança da ONU, uma iniciativa deste tipo constituiria um ato de agressão, uma violação flagrante do direito internacional”.
Nesta quinta-feira (11/9), os 45 capacetes azuis sequestrados em 28 de agosto nas Colinas de Golã na Síria foram libertados, segundo a ONU.
Fonte: Correio Web