Uma pesquisa do Hemorio, hemocentro da Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro, mostra um crescimento da presença de anticorpos contra a Covid-19 na população fluminense.
O estudo indica que 28% dos doadores de sangue que participaram de coleta nas últimas duas semanas desenvolveram anticorpos para o novo coronavírus. Nas primeiras semanas de abril a taxa era de 4%.
Segundo Luiz Amorim, diretor do Hemorio, os dados da pesquisa ainda estão sendo analisados, como para explicar se há uma grande diferença entre a prevalência de anticorpos entre a população geral do Rio e a de doadores.
A pesquisa, desenvolvida em parceria com pesquisadores das universidade do Estado e Federal do Rio de Janeiro e da Fiocruz, já contou com amostras de 7.286 pessoas e vai continuar até o fim da pandemia. Até o final de julho, este mapeamento do índice de pessoas com anticorpos no estado deve examinar o sangue de mais 3.000 pessoas.
Já na entrada do Hemorio, que fica no centro da capital fluminense, o doador passa uma triagem que, além de medir sua temperatura, questiona sobre sintomas e contatos com outras pessoas.
Não podem doar aqueles que tiveram testes positivos ou sintomas do novo coronavírus, assim como pessoas que chegaram de viagens do exterior ou tiveram contato com pessoas contaminadas ou sob suspeita de contaminação, nos últimos 30 dias.Amorim explica que os testes são feitos aleatoriamente e que as pessoas estão sendo avisadas do resultado positivo.
A pesquisa nacional Epicovid-19, coordenada pelo epidemiologista e reitor da Universidade Federal de Pelotas Pedro Hallal, estima que na cidade do Rio de Janeiro 7,5% da população tenha anticorpos contra a Covid-19.
A pesquisa foi feita entre os dias 4 e 7 de junho. Duas semanas antes, segundo a mesma pesquisa, que colhe amostras de ao menos 200 pessoas em cada umas das 133 cidades investigadas, a taxa era de 2,2%. A cidade com maior taxa na pesquisa nacional foi Boa Vista, com 25%.
A diferença entre os números das duas pesquisas ainda será investigada pelo Hemorio, que tem 67% de seus doadores entre moradores da capital, enquanto outros 33% veem do Grande Rio ou do interior.
Mas Amorim ressalta a diferença na proporção de idosos, já que, para doar sangue é necessário ter entre 18 e 69 anos, e que, desde o início da pandemia, houve uma queda brusca de doadores acima de 60 anos.