Líder da oposição venezuelana reage emocionada à honraria concedida por sua luta pacífica pela democracia em meio à repressão do regime de Nicolás Maduro

A líder opositora venezuelana María Corina Machado reagiu com surpresa e emoção ao saber que foi a vencedora do Prêmio Nobel da Paz de 2025, anunciado nesta sexta-feira (10/10) pelo Comitê Norueguês do Nobel, em Oslo. “Estou em choque”, disse María, entre risos e lágrimas, em uma ligação telefônica com Edmundo González, aliado político e candidato da oposição nas eleições presidenciais de 2024.
González, que vive exilado na Espanha após ser alvo de um mandado de prisão pelo regime de Nicolás Maduro, respondeu: “Aqui também estamos todos em choque de alegria”.
Segundo pessoas próximas, Corina foi informada do prêmio em Caracas, onde permanece em local não revelado por motivos de segurança. O tom emocionado da conversa, transmitido em vídeo pelas redes de apoiadores, refletiu o peso simbólico da conquista: a primeira vez que uma figura da oposição venezuelana é reconhecida com o Nobel da Paz.
O comitê destacou que a líder foi escolhida “por seus esforços persistentes em favor da restauração pacífica da democracia e dos direitos humanos na Venezuela”. O prêmio, que soma 11 milhões de coroas suecas (cerca de R$ 6,2 milhões), será entregue em dezembro, em Oslo.
Por que María Corina foi premiada
O Comitê Norueguês do Nobel descreveu Machado como “um dos exemplos mais extraordinários de coragem civil na América Latina nos últimos tempos”. Segundo o comunicado oficial, a venezuelana “demonstrou que as ferramentas da democracia também são as ferramentas da paz”.
Machado foi apontada como uma figura unificadora em um cenário político antes fragmentado, reunindo grupos rivais em torno da defesa de eleições livres e da restauração do Estado de Direito. O texto ainda destacou que “a democracia é uma condição prévia para a paz duradoura” e que reconhecer líderes que resistem a regimes autoritários é essencial.
Quem é María Corina Machado
Engenheira de formação e ativista desde os anos 1990, María Corina fundou a organização Súmate, criada para fiscalizar eleições e promover o voto livre na Venezuela. Ao longo de duas décadas, enfrentou perseguições políticas, bloqueio de candidatura e ameaças à própria vida, mas se recusou a deixar o país.
Em 2023, Machado tentou disputar a presidência, mas teve sua candidatura barrada. No ano seguinte, apoiou Edmundo González, que, segundo a oposição, venceu o pleito, resultado não reconhecido pelo governo Maduro.
Mesmo diante da repressão, a líder seguiu mobilizando apoiadores e defendendo uma transição pacífica e democrática. Para o Comitê Norueguês, sua persistência “mantém acesa a chama da democracia em meio à escuridão crescente”.