Governo paulista diz que pressiona as concessionárias a agilizarem retomada dos serviços, especialmente em hospitais e serviços de emergência. 84 das 308 escolas onde será realizado o Enem estão sem energia.
Árvores e fiações caídas após forte tempestade que deixou moradores de diversas regiões da cidade de São Paulo sem luz, neste sábado (04). — Foto: RENATO S. CERQUEIRA/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO
Por g1 SP e TV Globo — São Paulo
O estado de São Paulo tem na tarde deste sábado (4) ao menos 2,5 milhões de imóveis sem energia elétrica após os temporais que atingiram várias cidades nesta sexta-feira (3), segundo o governo paulista.
A maior parte das residências sem luz, 84%, está na área de concessão da empresa Enel, que atende a região metropolitana, onde 2,1 milhões de pessoas ainda não tiveram a energia restabelecida, de acordo com informações do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos).
A previsão da Enel é a de que o serviço seja totalmente retomado somente na terça-feira (7).
A empresa italiana é responsável pelo fornecimento de energia na capital paulista e na Região Metropolitana, onde moradores reclamam que estão há quase 24h sem luz.
De acordo com a Enel, na cidade de São Paulo, 1,4 milhão de clientes ficaram sem luz, e a companhia já restabeleceu a energia em 400 mil imóveis.
“Estamos atuando sem medir esforço. A prioridade de reestabelecimento é recuperar, primeiramente, hospitais eletrodependentes. Estamos cuidando juntos também do evento importante que vai acontecer amanhã, que é o Enem. Estamos fazendo de tudo para que ele possa acontecer sem nenhum desserviço”, disse em coletiva de imprensa o diretor de operação da Enel, Vincenzo Ruotolo.
A segunda área com mais pessoas no escuro é da concessionária CPFL, onde ao menos 400 mil pessoas estão no escuro. A empresa atende 27 municípios do interior e litoral do estado, como Campinas, Bauru, Ribeirão Preto e São José do Rio Preto, por exemplo.
A única área onde a energia foi totalmente estabelecida no estado foi a da Distribuidora EDP, que atua em 28 municípios nas regiões do Alto do Tietê, Vale do Paraíba e Litoral Norte.
O governo paulista diz que está pressionando as concessionárias a agilizarem o trabalho de retomada dos serviços nessas áreas, especialmente em locais onde estão hospitais e serviços públicos de urgência e emergência.
O Palácio dos Bandeirantes acredita que em algumas áreas do estado o fornecimento de energia só será 100% retomado em alguns dias, em virtude dos estragos gerados pelo temporal que matou ao menos seis pessoas no estados.
Enem
Tarcísio de Freitas também disse que abriu um gabinete de crise em contato com os Ministérios das Relações Institucionais e o da Educação para monitorar a situação das 308 escolas que receberão os estudantes que farão o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) neste domingo (5).
O Palácio dos Bandeirantes quer que os estudantes sejam comunicados com antecedência sobre eventuais mudanças na realização do exame, já que parte deles pode ter o dia do exame mudado para a data da 2ª Chamada do INEP, caso a energia não seja restabelecida nessas áreas.
Segundo a Enel, das 308 escolas, ao menos 84 estão sem energia neste sábado (4). E empresa se comprometeu a levar geradores para essas unidades, para garantir a aplicação dos exames.
A preocupação do governo também está com a falta de água em várias cidades, resultado direto da falta de energia que ocorre desde a tarde de sexta (3). Diversos municípios paulistas enfrentam o problema desde a madrugada.
Reclamações na Grande SP
Vários moradores da cidade de São Paulo e da Região Metropolitana estão há quase 24 horas sem energia elétrica por conta do temporal do dia anterior.
Além de causarem a morte de ao menos seis pessoas, as chuvas fortes também geraram diversos estragos e quedas de árvores sobre a fiação elétrica, o que tem dificultado o trabalho de restabelecimento de luz na capital paulista e nas cidades da Grande SP.
Por causa da falta de luz, moradores tem narrado neste sábado (4) diversos problemas para cuidarem de familiares doentes, crianças e idosos.
A Paloma Carvalho Santos é moradora de Diadema, na Grande SP. Desde às 16h30 da sexta (3) o bairro de Taboão, onde ela vive com a mãe doente, está sem energia elétrica, por causa queda de um telhado sobre a fiação elétrica na região.
Paloma Carvalho Santos é moradora de Diadema, na Grande SP, e tem a mãe acamada. — Foto: Reprodução
Ela tenta contato com a concessionária Enel para restabelecer a energia, mas não consegue sequer ser atendida na central telefônica da empresa.
“O telefone nem chama. Fala que está fora de área ou desligado. Dá a entender que a empresa não está atendendo. Na minha rua tem bastante idosos e recém-nascidos. No meu caso, minha mãe é acamada. E eu não consigo fazer a movimentação da cama elétrica dela. E isso é ruim pra ela. Não consigo levantar a cama pra ela poder comer”, disse Paloma.
“A comida precisa de microondas para aquecer e ela está desde ontem sem banho, por causa da falta de energia. Agora são 09h30 e continuamos sem uma satisfação da empresa sobre quando a situação vai se normalizar”, disse a moça.
Àrvore que caiu sobre a fiação elétrica na rua Manoel Moraes Ponte, na Zona Norte de SP. — Foto: Acervo pessoal
O que diz a Enel
Por meio de nota, a concessionária Enel disse que reforçou as equipes em campo, nos canais de atendimento e no centro de controle e “está trabalhando de forma ininterrupta para normalizar o fornecimento de energia para todos”.
Segundo a empresa, as regiões que mais sofrem com a falta de luz são as zonas Sul e Oeste da capital, e que a companhia está avaliando a extensão dos danos causados.
“Devido a complexidade do reparo e a necessidade de reconstrução de trechos da rede, em alguns casos, o restabelecimento da energia será de forma gradual e, em alguns casos, pode levar mais tempo., disse a Enel.
A empresa orienta que os clientes que estejam sem luz a priorizem os canais digitais da companhia por meio do app Enel São Paulo e agência virtual do site:www.enel.com.br.
Segundo a prefeitura da capital, até o início da tarde deste sábado (4) cerca de 76 árvores tinham caído na cidade por causa do temporal. Desse total, 43 já tinham sido removidas das ruas até o fim da manhã.
Recém-nascido na Zona Norte
Guilherme Elias tem um bebê recém-nascido e mora na rua Padre Cícero de Revoredo, na Vl. Albertina, Zona Norte de SP. — Foto: Reprodução/TV Globo
O Guilherme Elias tem um bebê recém-nascido e está sem energia há mais de 18 horas, por causa justamente da queda de uma árvore em cima da rede elétrica da rua Padre Cícero de Revoredo, na Vl. Albertina, Zona Norte, onde ele vive com a família.
Elias contou que ficou mais de 2 horas tentando falar com a central da Enel para ter uma posição sobre o restabelecimento da luz e não teve sucesso.
“Eles só me enviaram um e-mail dizendo que tem mais de 800 chamados de queda de árvore na cidade e talvez o telefone não atenderia. E assim estamos, mais de 15 horas sem energia. As carnes na parte de baixo [da geladeira] já descongelaram e acho que nem dá pra utilizar. É torcer para que no freezer não estrague mais nada. Com bebê fica mais difícil, porque à noite, sem luz nenhuma, o menino chora pra caramba se tiver muito escuro. Se não tiver vela…”, contou.
Morumbi sem banho
Família Soares está há mais de 17 horas sem energia no Morumbi, Zona Sul de SP. — Foto: Reprodução
Na casa da família Soares Scardino, no bairro do Morumbi, na Zona Sul de São Paulo, a falta de energia há mais de 17 horas também tem estragado alimentos e impedido a vida normal do casal, que tem um filho menor de idade.
“Sou celíaca, não como glúten, e os meus alimentos são todos bem caros e congelados. A gente teve que levar esses alimentos para o freezer da geladeira do prédio, que está funcionando com gerador. Temos um almoço mais tarde e vamos ter que tomar banho na casa da minha mãe ou da minha sogra”, disse a gerente de canais Débora Scardino.
“O mais perplexo é realmente com o descaso. Porque a gente liga, mas todos os meios de comunicação da Enel não estão funcionando. E a gente não tem uma previsão de quando vai voltar a energia”, completou.
Mortes e estragos
Árvores caem sobre veículos na Avenida Eduardo Sabino de Oliveira, Jd. Helena, na Zona Leste de São Paulo — Foto: Acervo pessoal
As chuvas fortes que caíram em boa parte do estado de São Paulo na tarde desta sexta-feira (3) deixaram ao menos seis mortes no estado, segundo levantamento da Defesa Civil.
Várias bairros da capital paulista e de cidades de Região Metropolitana continuam sem energia elétrica, mais de 12 horas depois do temporal, em virtude das quedas de árvores sobre a fiação elétrica e postes.
Desde a tarde de sexta (3), as Defesas Civis do estado e o Corpo de Bombeiros registraram mais de 2.000 chamados para ocorrências relacionadas às chuvas em 40 municípios paulistas.
Os seis óbitos, segundo a Defesa Civil, estão relacionados justamente às causas da chuva, como queda de árvores, muros e paredes. As mortes ocorreram nas seguintes cidades:
- São Paulo – 2 pessoas faleceram na Zona Leste em virtude de queda de árvore sobre veículos na Av. Eduardo Sabino de Oliveira;
- Osasco – 1 pessoa morreu após a queda de uma árvore sobre um muro, que também atingiu um veículo na Av. Luís Rink;
- Santo André – 1 pessoa morreu após a queda da parede do 18º andar de prédio em construção na na Rua Mendes Leal;
- Limeira– 1 morte causada pela queda de um muro sobre pessoa no bairro Marajoara;
- Susano – 1 morte causada pela queda de uma árvore sobre a pessoa na Av. Antônio Marques Figueira, Vila Adelina.
Árvores caem sobre veículos da PM na Av. Eduardo Sabino de Oliveira, Jd. Helena, na Zona Leste de São Paulo — Foto: Acervo pessoal