A demora do governo em concluir a compra de 36 aviões de caça, para atualizar a frota da Força Aérea Brasileira (FAB), já ameaça a capacidade do país de proteção do espaço aéreo nacional, sobretudo o de Brasília. A novela, também conhecida como programa FX-2, se arrasta há mais de 12 anos e seu desfecho incerto ameaça reduzir o total de jatos do tipo em operação.
Comprados de segunda mão da aeronáutica francesa e lotados desde 1995 na base aérea de Anápolis (GO), os 12 Mirages 2000 serão desativados em dezembro, quando também encerra o contrato de manutenção com a francesa Dassault.
Os aviões fabricados no começo dos anos 1980 e adquiridos pelo programa FX, do governo Fernando Henrique Cardoso, têm como principal missão defender a capital federal e ainda servem de apoio a outras bases.
Militares ouvidos pelo Correio afirmam que essa aposentadoria já começou, gradualmente, e revelam apreensão com a chance dos modelos mais antigos em atividade, os norte-americanos F-5, serem cancelados por razões técnicas. Esses últimos têm baixa prevista só em 2025, mas são o principal alvo da licitação em curso.
Técnicos da FAB destacam ainda que a pequena frota do Mirage 2000, conhecida como de caças de múltiplas missões, tem vantagens sobre as 57 unidades F-5, como velocidade superior e alta performance em combate, além de poderem ser reabastecidos em voo. Ao contrário das duas primeiras frotas de jatos militares, os 53 AMX, fruto da parceria de Brasil e Itália, têm perfil de ataque e não o de defesa e interceptação.