A operação militar da Turquia no norte da Síria continuará até que “alcance seus objetivos” e apesar da pressão exercida pelos Estados Unidos para que termine, afirmou nesta terça-feira o presidente turco Recep Tayyip Erdogan.
“Vamos continuar nossa luta (…) até que alcance os objetivos que estabelecemos”, disse Erdogan em um discurso em Baku.
As declarações foram feitas um dia depois da advertência do presidente americano, Donald Trump, que endureceu o tom a respeito da Turquia e pediu o fim da operação militar na Síria, ameaçando o país com sanções.
A ofensiva turca quer expulsar do norte da Síria a milícia curda Unidades de Proteção Popular (YPG), considerada um grupo “terrorista” por Ancara, mas aliada da comunidade internacional em sua luta contra o grupo extremista Estado Islâmico (EI).
“Até esta manhã (terça-feira), liberamos uma zona de quase 1.000 quilômetros quadrados que estava sob o controle da organização terrorista”, disse Erdogan, em referência às YPG.
“Vamos estabelecer uma zona segura a partir de Manbij (noroeste da Síria) até nossa fronteira com o Iraque”, completou.
Erdogan afirmou que a região receberá “em um primeiro momento um milhão e depois dois milhões de refugiados sírios”, dos mais de 3,5 milhões que seguiram para a Turquia desde o início do conflito na Síria em 2011.
Prisão de opositores
Políticos de partido pró-curdo HDP foram são presos na Turquia. Na província de Hakkari, na fronteira com o Iraque, as forças de segurança prenderam um dos dois prefeitos da capital, de mesmo nome, e os dois de Yüksekova. Também foram detidos os dois governantes do distrito de Ercis, na província de Van, e os do distrito de Nusaybin, na província de Mardin.
Em Nusaybin, 11 pessoas morreram e mais de 40 ficaram feridas na semana passada devido a projéteis lançados da Síria em resposta à ofensiva turca contra as milícias curdas Unidades de Proteção do Povo (YPG) no norte do país vizinho.
O partido pró-curdo HDP, a terceira maior força no Parlamento de Ancara, é o único grupo político turco que se opõe à invasão na Síria.
O governo proibiu protestos contra a ofensiva militar em várias cidades do país e dezenas de simpatizantes do HDP foram detidos nos últimos dias. Em algumas províncias, como Hakkari e Gaziantep, os governos deram um passo além e proibiram qualquer tipo de manifestação, declaração ou reuniões durante 30 dias.
As autoridades turcas detiveram cerca de 200 pessoas na última semana por publicarem nas redes sociais comentários críticos em relação à ofensiva militar turca na Síria.