Arnaldo Niskier
Da Academia Brasileira de Letras e
Presidente Emérito do CIEE/RJ
Com muita propriedade, o Secretário Municipal de Educação do Rio de Janeiro, Renan Ferreirinha, chamou o uso desenfreado dos celulares nas escolas oficiais de uma “epidemia de distrações”. E determinou a ampliação das restrições ao celular nos intervalos entre as aulas e até no recreio.
Há em curso um plano de mudança da cultura de uso do celular, que prevê o recolhimento dos aparelhos antes do início das aulas. Haverá proibição total do aparelho por alunos do 6º e do 7º anos, inclusive no recreio. Para os alunos do 8º e 9º anos o uso será liberado em três recreios por semana. Isso não impedirá que sejam estimuladas rodas de conversa, cineclubes, oficinas de desenho e cubo mágico e RPG.
Chegou-se, pois, à conclusão que o celular faz um grande estrago na educação das nossas crianças, com os seus efeitos como adição, distração, redução da privacidade, estímulo ao cyberbulling. É um fenômeno mundial. Não está ocorrendo somente no Brasil. Há registros de consequências negativas em países como Espanha, Portugal, Finlândia, Holanda, Suíça e México. Logo esse banimento chegará também aos Estados Unidos, como consequência desse movimento.
Já não resta mais dúvida das más consequências do uso excessivo do aparelho entre jovens e adolescentes. O foco nas aulas está sendo prejudicado. Especialistas concluíram que se deve utilizar o recreio muito mais para a prática de esportes, música e jogos diversos. Para efetivar essa política, muitas escolas estão criando caixas na entrada das suas sedes, para abrigar os aparelhos, devidamente desligados. Dados do Pisa mostram que alunos de 15 anos de 65% dos países pesquisados comprovam que se distraem nas aulas de matemática, com o uso dos computadores, o que é um sacrifício indesejável. Isso pede a adoção de uma nova política.
Não se pode desconhecer que a educação digital é uma realidade que veio para ficar, mas isso tem que ser feito com critérios bastante objetivos, e sem os exageros hoje assinalados. A escola não pode e nem deve desconhecer os frutos da modernidade, mas se o celular desvia a atenção dos jovens, não temos outra alternativa senão proibir jeitosamente a sua uilização.