A iniciativa beneficia, na prática, uma empresa do grupo J&F da família dos irmãos Joesley e Wesley Batista
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FÁBIO PUPO
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS)
Uma MP (medida provisória) enviada pelo governo ao Congresso neste mês para alterar uma série de regras no mercado de energia do Amazonas tem gerado questionamentos de representantes dos consumidores por, entre outros motivos, causar impactos nas tarifas de luz.
iniciativa beneficia, na prática, uma empresa do grupo J&F da família dos irmãos Joesley e Wesley Batista.
O texto com as mudanças foi publicado pelo governo poucos dias após uma operação de R$ 4,7 bilhões da Âmbar, empresa de energia do grupo J&F (também dono da gigante de carnes JBS). A companhia comprou um conjunto de usinas termelétricas no estado, até então pertencentes à Eletrobras.
Conforme mostrou a Folha, a medida do governo faz com que a geração dessas termelétricas pare de ser parcialmente paga pela distribuidora local, a Amazonas Energia, e passe a ser totalmente bancada pelo conjunto de consumidores do Sistema Interligado Nacional.
A justificativa do Executivo federal é tornar viável a concessão de distribuição e evitar um cenário ainda pior, de caducidade.
Para 2024, a energia das térmicas incluídas na medida tem um custo estimado pelo mercado em R$ 2,7 bilhões. Hoje essa conta é coberta em menor parte pela companhia e, em maior parte, por subsídios pagos pelos consumidores pertencentes ao chamado mercado regulado do país (onde está a maior parte dos consumidores residenciais).
O problema de os pagamentos estarem hoje sob responsabilidade parcial da Amazonas é que a empresa vive em dificuldades financeiras há muito anos, devido a, entre outros motivos, a complexidade da operação local (o que inclui um alto índice de furtos de energia).
A companhia tem uma série de dívidas com as termelétricas da região. Só no quatro trimestre de 2023, a Eletrobras vendedora das usinas registrou provisão de R$ 328,7 milhões referentes à inadimplência da distribuidora.
De acordo com especialistas, alguma medida era esperada para resolver os problemas financeiros da distribuição e evitar um colapso no fornecimento de energia no estado. Mas, ao mesmo tempo, a decisão abriu caminho para a mudança nos pagamentos que, com as mudanças, passarão a ser feitos de forma garantida pelos consumidores.