São Paulo — A italiana Enel deve voltar a estudar oportunidades de aquisição de ativos de distribuição de energia no Brasil em 2020, à medida que avança na integração a seus negócios da antiga Eletropaulo, comprada em 2018 e renomeada para Enel São Paulo, disse nesta quarta-feira (9) o presidente global do grupo europeu, Francesco Starace.
A Enel, que possui distribuidoras também no Ceará, Rio de Janeiro e Goiás, está de olho em concessionárias que teriam sinergias com suas operações e sobre as quais há expectativa de privatização ou mudança de controle, como a Light, que atua na região metropolitana do Rio, e a CEB, estatal de Brasília.
“Esse não é um mercado no qual você pode decidir: ‘quero comprar’. Alguém tem que estar vendendo, tem que achar uma combinação. Não sei o que haverá em 2020 no mercado no Brasil, pode ser a Light ou algo mais, mas estaremos olhando. Pode ser Brasília. Vamos olhar todo tipo de potenciais oportunidades”, disse Starace a jornalistas em evento da Enel em São Paulo.
Os italianos fecharam a compra por 2,2 bilhões de reais em 2016 da antiga Celg-D, de Goiás, que era controlada pela estatal Eletrobras, na primeira privatização em anos no setor de distribuição de eletricidade do Brasil.
Em 2018, o grupo voltou às compras e adquiriu o controle da Eletropaulo junto à norte-americana AES e outros acionistas, após uma oferta pública que movimentou 5,5 bilhões de reais por 73% da empresa.
Segundo Starace, a integração da ex-Eletropaulo junto à Enel tem sido mais rápida do que o esperado inicialmente, o que possibilitará à companhia voltar a avaliar negócios no setor no próximo ano.
A Enel também pretende em 2020 avançar em sua estratégia para a distribuidora paulista com um plano para digitalização das redes da elétrica que fornece energia na região metropolitana de São Paulo, região mais rica do país.
“Quando nós olhamos para a Eletropaulo, nós tínhamos claramente em mente que esse seria o lugar perfeito para desenvolver essa experiência que temos de transformação digital”, afirmou.
Starace disse que o movimento deverá começar com substituições de medidores dos consumidores por equipamentos mais modernos e digitais e que aguarda a certificação desses equipamentos e conversas com o regulador para anunciar o plano.
Na Europa, a Enel já está trocando a segunda geração de medidores inteligentes de energia –na Itália, são 33 milhões de equipamentos, e a companhia consegue substituir 18 milhões deles por ano.
Starace não antecipou investimentos previstos no plano e nem quantos medidores estariam envolvidos, ou o prazo previsto para a implementação. A área de concessão da Enel São Paulo tem cerca de 7 milhões de unidades consumidoras.
Em paralelo, a Enel também pretende seguir investindo fortemente em fontes renováveis no Brasil, onde possui atualmente cerca de 2 gigawatts em parques eólicos e solares em implementação, além de 2,4 gigawatts em ativos de geração já operacionais.