Ex-ministro alfinetou governo Bolsonaro ao alegar que não teve apoio para combater corrupção e sinaliza que houve proteção
O agora presidenciável Sergio Moro explicou nesta quarta-feira (10) o porquê de ter deixado o governo Bolsonaro. Durante ato de filiação ao Podemos, em Brasília-DF, Moro falou também por que quebrou sua própria promessa, em 2018, de que jamais entraria para a política.
Moro declarou que, em 2018, o presidente Jair Bolsonaro o convidou para fazer parte do quadro de ministros. O então juiz federal disse que, enquanto membro da operação Lava Jato, “se sentia no poder de ajudar”, e, por isso, voltou atrás na fala de que jamais entraria para a política.
“Em 2018, eu recebi um convite do presidente eleito para ser ministro. Eu tinha, em 2018, esperança por dias melhores, como todo brasileiro eu pensava no que nós havíamos presenciado nos últimos anos”, afirmou Moro, citando casos de corrupção na Petrobras. “Era um momento que exigia mudança. Eu como juiz da Lava Jato me sentia no dever de ajudar”, prosseguiu.
“Aceitei o convite e ingressei no governo. O meu objetivo era melhorar a vida das pessoas por meio de um trabalho técnico, principalmente reduzindo a corrupção e outros crimes”, disse.
Moro falou que, enquanto ministro da Justiça e Segurança Pública, diminuiu a criminalidade no país no primeiro ano de gestão. “Combatemos pra valer o crime organizado”, alega. “Isolamos, por exemplo, em presídios federais, as lideranças das gangues mais perigosas do país. Ninguém combateu o crime organizado de forma mais vigorosa do que o Ministério da Justiça durante a minha gestão. Até quem não gosta de mim reconhece isso.”
Por que saiu?
O ex-ministro disse em seguida que deixou o governo Bolsonaro porque não teve respaldo para combater a corrupção. Moro alfinetou a atual gestão e disse que a promessa de combate a crimes sem proteção a ninguém, foi quebrada.
“O meu desejo era de continuar atuando como ministro em favor dos brasileiros. Infelizmente, não pude prosseguir no governo. Quando aceitei o cargo, não fiz por poder ou prestígio, eu acreditava em uma missão. Queria combater a corrupção, mas, para isso, precisava do apoio do governo, e esse apoio foi negado”, disparou.
“Quando vi meu trabalho boicotado e quando foi quebrada a promessa de que o governo combateria corrupção sem proteger quem quer que seja, continuar como ministro seria apenas uma farsa”, concluiu Moro.