Depois de uma campanha duríssima e cheia de altos e baixos, a economista mineira Dilma Rousseff (PT) conquistou pela segunda vez a Presidência da República. A reeleição da presidente se confirmou por volta das 20h30 da noite deste domingo (26), quando 98% dos válidos foram computados pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Neste momento, o segundo colocado na disputa do segundo turno, o presidenciável Aécio Neves (PSDB), não podia mais alcançá-la matematicamente.
Neste momento, Dilma tinha por volta de 53 milhões de votos, cerca de 51,4%, contra 50 milhões de Aécio, 48,5%. Tanto a campanha presidencial como a vitória da petista foram as mais acirradas da história democrática brasileira.
Com a vitória de Dilma e os quatro anos a mais conquistados por ela, o PT vai somar quatro mandatos seguidos na Presidência, num total de 16 anos de anos, a serem completados em 2018. O número é inédito. Nenhum partido ficou tanto tempo no comando do Brasil.
Os primeiros oito anos foram de Luiz Inácio Lula da Silva, que em 2009 alçou a sua então ministra da Casa Civil candidata a Presidente, que conquistou assim o seu primeiro mandato.
Dilma, que tem 66 anos, começou a corrida eleitoral como favorita, mas ao longo da campanha, a petista enfrentou momentos difíceis, como a morte em agosto do oponente Eduardo Campos, então candidato presidencial do PSB, num acidente aéreo na cidade de Santos, no litoral de São Paulo.
A morte do ex-governador de Pernambuco provocou uma comoção nacional e uma reviravolta nas pesquisas de intenção de voto. Dilma, que estava à frente, viu a substituta de Campos na chapa do PSB, a ex-senadora Marina Silva, disparar nas intenções de voto e encostar na petista.
No meio de setembro, as duas chegaram a ficar empatadas. Na ocasião, os principais institutos de pesquisas projetavam uma vitória de Marina num eventual segundo turno com Dilma. A campanha do PT começou então uma campanha de desconstrução da ex-senadora, baseada em contradições na trajetória dela, como o recuo plano de governo dela em relação a um agenda progressista para a população LGBT. Em menor intensidade, Aécio, então em terceiro lugar, também começou a atacar a candidata do PSB.
A desconstrução deu certo e a campanha de Marina chegou desidratada ao final do primeiro turno. Mas o PT não contava com um efeito contrário. Com a queda da candidata do PSB, os votos delas migraram em grande parte para Aécio. Com isso, o resultado do primeiro turno foi muito menos favorável do que a petista gostaria.
Em 5 de outubro, Dilma obteve 41,59%, num total de 43. 267.668 de votos. Aécio ficou com 33,55%, 34.897.211. Com o gás perdido, Marina acabou em terceiro, 21,32%, 22. 176.619. A votação do tucano surpreendeu, com uma distância menor para a petista do que projetavam as pesquisas.
O desempenho de Aécio assustou a campanha petista e animou os tucanos. Nas primeiras pesquisas depois de 5 de outubro, o candidato do PSDB apareceu numericamente à frente de Dilma, numa situação de empate técnico.
A campanha do segundo turno foi marcada pelo ressurgimento da polarização PT versus PSDB, que pela sexta vez marcam as eleições presidenciais no Brasil. Desta forma, foi inevitável a comparação entre os 8 anos do tucano Fernando Henrique Cardoso e os 12 anos de Lula e Dilma.
Ambas as campanhas assumiram posturas agressivas, o que refletiu numa intensa troca de ataques entre Dilma e Aécio nos debates na TV, que só ficou menos beligerantes nos últimos confrontos.
Mas o comparativo entre os governos de FHC e os petistas mais uma vez se mostrou favorável ao PT, que assim deu a Dilma o seu segundo mandato na Presidência, o quarto do PT no Palácio do Planalto.