Comitê do BC indicou que pode anunciar novo aumento de 0,75 ponto percentual na taxa de juros, que iria para 3,5% ao ano. Copom também apontou ‘incertezas’ na economia.
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central indicou neste terça-feira (23) que, devido à aceleração da inflação no país, pode anunciar um novo aumento na taxa de juros em sua próxima reunião, prevista para maio.
A informação está na ata da mais recente reunião do Copom, divulgada nesta terça-feira (23). Na reunião, realizada na semana, o comitê decidiu elevar a taxa básica de juros de 2% para 2,75% ao ano. O aumento da taxa Selic, o primeiro desde 2015, surpreendeu o mercado financeiro.
Na ata, o Copom também aponta “incertezas” em relação ao desempenho da economia brasileira no primeiro e segundo trimestre. E prevê retomada consistente da atividade na medida em que a vacinação contra a Covid-19 avançar no país (leia mais abaixo).
“Diversos membros [do Copom] também ressaltaram que as pressões inflacionárias observadas em 2021 podem contaminar as expectativas de inflação para 2022”, diz a nota.
Por conta desse cenário, o Banco Central informa que, na semana passada, julgou adequado elevar a taxa Selic em 0,75 ponto percentual. E indicou que o pode adotar um “ajuste da mesma magnitude”, elevando a taxa básica para 3,5% ao ano, em sua próxima reunião, no início de maio.
Pressão inflacionária
De acordo com o Copom, a continuidade da alta no preço de “commodities”, produtos básicos com cotação internacional como alimentos e petróleo, tem afetado a inflação e elevado as projeções para os próximos meses, “especialmente através de seus efeitos sobre os preços dos combustíveis”.
Além disso, segundo o BC, está havendo uma demora da normalização das cadeias produtivas após problemas provocados pela pandemia da Covid-19. Essa situação gera falta de insumos em vários setores da economia, o que também vem pressionando custos de produção.
O Copom aponta ainda para a ação de um “choque positivo de demanda”, ou seja, uma maior procura por produtos e serviços nos últimos meses, o que também contribui para a alta dos preços.
Na ata, o comitê aponta que ainda vê essa pressão inflacionária como temporária. Entretanto, diz que está atento ao seu avanço.
“Apesar da pressão inflacionária de curto prazo se revelar mais forte e persistente que o esperado, o Comitê mantém o diagnóstico de que os choques atuais são temporários, mas segue atento à sua evolução”, informou.
Projeção
O BC aponta no documento que julgou adequado adotar uma “postura mais assertiva” neste momento, ao elevar a taxa Selic para 2,75% ao ano, e que o objetivo dessa decisão é garantir o cumprimento da meta de inflação de 2021.
A mais recente projeção do Banco Central aponta inflação em torno de 5% em 2021, bem acima da meta central que a instituição precisa perseguir neste ano, que é uma inflação de 3,75%. (G1)