E-mail enviado a funcionários anuncia redução da força de trabalho, sem indicar número de funcionários afetados
Por Bruno Romani
Após Elon Musk assumir a gestão do Twitter, a rede social começou o desligamento em massa de funcionários nesta sexta, 4. Segundo apurou o Estadão, as demissões afetaram os funcionários da companhia no Brasil, mas ainda não é possível determinar o número de demitidos.
“Começaremos o difícil processo de redução de nossa força de trabalho global na sexta-feira”, indicou o Twitter a seus funcionários em um e-mail ao qual a AFP teve acesso. A mensagem dizia que todos os funcionários serão notificados na manhã desta sexta-feira quando os escritórios, mas não especificou quantos seriam afetados. Segundo o Washington Post, a companhia está demitindo 50% de seus cerca de 7.500 empregados.
“Reconhecemos que um certo número de pessoas que fizeram contribuições significativas para o Twitter serão afetados, mas essa ação infelizmente é necessária para garantir o sucesso da empresa no futuro”, informou a empresa a seus funcionários. No Brasil, a companhia ainda não se pronunciou oficialmente.
Entre os funcionários do braço brasileiro da companhia, o clima é de terror. Entre eles, há um grupo que recebeu uma mensagem no e-mail pessoal que diz que o cargo pode “estar ou não ameaçado”, mas que isso não significava demissão. Enquanto aguardam para saber se foram cortados, todos tiveram seus acessos de trabalho bloqueados.
Patrão
O chefe da Tesla e da SpaceX comprou o Twitter por US$ 44 bilhões e assumiu o controle na quinta-feira, 3, após seis meses de idas e vindas. Musk dissolveu imediatamente o conselho de administração, demitiu o CEO e outros altos executivos e lançou novos projetos com metas a serem cumpridas rapidamente. Vários engenheiros relataram ter que dormir em suas estações de trabalho algumas noites.
O magnata convocou engenheiros da Tesla na última sexta-feira para supervisionar o trabalho dos funcionários do Twitter. Vários engenheiros tiveram que imprimir as últimas linhas do código produzido, segundo um funcionário que pediu anonimato. As listas comparavam o trabalho feito pelo pessoal de TI, principalmente com base no volume de produção, segundo outro funcionário.
“O processo de demissão em andamento é uma farsa e uma vergonha. Os subordinados da Tesla tomam decisões sobre pessoas sobre as quais nada sabem. É completamente absurdo”, escreveu em sua conta do Twitter Taylor Leese, diretor de uma equipe de engenheiros que afirma ter sido demitido.
Na quinta-feira, 3, vários colaboradores da rede social expressaram seu descontentamento, enquanto outros fizeram piadas. “As demissões em massa ainda não começaram no Twitter, mas todo mundo já perdeu o emprego. O trabalho que foi descrito em seu contrato, o trabalho que amavam, o trabalho com todos os colegas que conheceram e apreciaram”, disse de Londres a cientista da computação Eli Schutze, por meio de seu perfil. “É o início de uma página em branco, seja qual for o lado em que cair”, acrescentou.
O plano de demissões confirma a mudança de cultura empresarial prevista para a empresa californiana sob a nova gestão de Musk. Vários executivos se demitiram esta semana e mais de 700 pessoas já deixaram a empresa durante o verão por sua própria vontade, de acordo com um funcionário.
O empresário de fato defende uma visão de liberdade de expressão que não concorda com as regras de moderação de conteúdo da plataforma, visão que colide com a de vários trabalhadores, usuários e ONGs.
Alguns funcionários também estavam preocupados por não poderem continuar trabalhando de suas casas, algo a que Musk se opõe, ou de ter que seguir um ritmo de trabalho forte como o de Tesla.
“Se não o afetar, receberá uma notificação no seu endereço de email do Twitter. Mas se for afetado (demitido) receberá uma notificação com os passos a seguir no seu email pessoal”, indica a mensagem enviada na quinta-feira a todos os funcionários, lembrando-os de verificar sua caixa de entrada, “incluindo o spam”.
Com Estadão (via AFP)