*Frutuoso Chaves
Falo aos das gerações dos gibis. Vocês lembram dos Sobrinhos do Capitão? Dos dois pestinhas que infernizavam a vida do gordo de barba negra, aquele marinheiro aposentado e acometido de gota, essa doença dolorosa que ataca as articulações? Lembram, também, do Coronel, o inspetor escolar, o cara baixinho de barba branca e comprida sempre na cola dos dois moleques?
Os mais adentrados, como eu, formamos legiões de fãs dessas revistinhas compradas em quase todas as bancas instaladas em praças e calçadas. Vendiam tanto quanto Luluzinha, Zorro (não o de capa e espada, mas o cowboy mascarado, amigo do índio Tonto), Capitão Marvel, Fantasma, Batman e outros ícones dos quadrinhos.
Divertidíssimos esses dois personagens nascidos da mente e dos traços do alemão Rudolpf Dirks, naturalizado norte-americano. Leio que esse cara foi o primeiro desenhista a inscrever em balões os diálogos dos gibis. E que fez isso, ainda em novembro de 1897, no suplemento domingueiro do New York Journal.
Fala-se de uma disputa judicial entre William Hearst (dono da empresa) e Dirks, autor dos quadrinhos que, em razão disso, deixaria o jornal para imprimir suas historinhas com o selo da distribuidora United Features. Primeiramente, com o título “Hans und Fritz” e, depois, “The Captain and the Kids”.
No Brasil, a tradução do título da revista fazia crer que o Capitão – caso mal explicado da Mama Chucrutz, dona de pensão – fosse tio dos meninos. Ao invés disso, o homem apenas se tomava por hóspede da senhora gorda sempre disposta a acreditar na inocência dos seus dois anjinhos. Pois, sim…
Aos mais novos, esclareço que as histórias de Hans e Fritz se passavam numa colônia alemã, na África. E que o sucesso de público fez com que a impressão dos quadrinhos não fosse interrompida mesmo no transcurso da Segunda Guerra Mundial. Os dois pirralhos, conta-se, são inspirados em “Max und Moritz”, criação de Wilhelm Busch, poeta, pintor e caricaturista alemão precursor dos quadrinhos.
Verbete da Wikipédia dá conta de que, em 1938, “Os sobrinhos do Capitão” – vamos tratá-los assim – tornaram-se a primeira série animada produzida pela Metro-Goldwin-Mayer. Também, da pouca receptividade dos desenhos cancelados, um ano em meio depois, ao cabo de uns 15 filmes. Acertou que entendeu que o sentimento antigermânico teria contribuído para isso.
*Jornalista profissional com passagens pelos jornais paraibanos A União (Redator e Chefe de Reportagem), Correio (Redator e Editor de Economia), Jornal da Paraíba (Editorialista), O Norte (Editor Geral), O Globo do Rio de Janeiro e Jornal do Commercio do Recife (correspondente na Paraíba, em ambos os casos). Também pelas Revistas A Carta (editada em João Pessoa) e Algomais (no Recife).