Um dos maiores desafios do próximo governador eleito, Rodrigo Rollemberg (PSB), é melhorar a educação básica disponibilizada nas escolas públicas do Distrito Federal e tornar o sistema acessível e atraente para os estudantes. E o trabalho terá que ser intenso, pois existem, hoje, 472 mil alunos matriculados em toda a rede pública de ensino do DF. Além de melhorar a qualidade do ensino, o novo governador do DF terá também que investir na estrutura física de boa parte das 624 escolas e 21 creches da rede. Outro desafio é ampliar a rede integral, pois, atualmente, menos da metade das escolas possuem o ensino integral.
Rollemberg também terá o desafio de contratar mais professores efetivos para a rede. A Secretaria de Educação do DF (SE-DF) possui em seu quadro de pessoal 30 mil professores efetivos. No caso dos temporários, há um banco reserva de aprovados em concurso de quase 11 mil docentes. No entanto, o que ocorre na Secretaria é uma média de no máximo 6.500 atuando por vez nas salas de aula, distribuídos nas diferentes etapas de ensinos: infantil, fundamental, médio e, ainda, na educação de jovens e adultos (EJA).
Em relação ao transporte, a SE-DF possui 106 veículos próprios, que atendem estudantes do ensino especial e atividades diversificadas das escolas integrais. Quanto ao transporte escolar locado, a secretaria possui cerca de 580 ônibus prestando serviços em todas as Coordenações Regionais de Ensino, para atendimento nos trajetos casa/escola/casa. Esse serviço é utilizado quando não há o ônibus de linha na localidade e assim não é possível o atendimento pelo passe estudantil concedido pelo DFTrans.
Na opinião de Letícia Araújo, pedagoga e mestre em Educação pela UnB, o grande desafio de Rollemberg é facilitar o acesso à educação desde a 1ª infância e manter a permanência desses alunos até finalizar o ciclo, ou seja, até a conclusão do ensino médio. “O maior desafio do novo governador é oferecer escolas para todas as crianças e adolescentes e disponibilizá-las perto de casa, principalmente na educação infantil. Hoje, faltam escolas para atender a demanda. Sem contar que muitas crianças são obrigadas a estudar em outras cidades por não ter ensino perto de casa. Em relação aos alunos mais velhos, é preciso tornar a educação atrativa para fazer com que o adolescente queira permanecer estudando até terminar o ensino médio”, explicou.
Valorização de profissionais – Para a especialista, o novo governo deve valorizar os profissionais da rede, oferecer formação continuada e, depois, fazer uma avaliação profissional de todos. Outro ponto que Letícia defende é a adequação do currículo escolar. “Muitas vezes a escola acaba usando somente o livro didático como base, substituindo o planejamento construído por todos, tanto por alunos como pais e professores.
Já o Sindicato dos Professores (Sinpro-DF) espera que o novo governador aprove o mais rápido possível o Plano Distrital de Educação, além de valorizar os professores. “O sindicato espera que o governo cumpra o prometido e que a carreira de professor seja igualada às outras carreiras de nível superior, com salários proporcionais. Hoje, um policial recebe mais que um professor e tem o mesmo nível. Por isso, é necessário valorizar o profissional, pois a educação é por onde se começa tudo”, defendeu Cléber Soares, diretor de imprensa do Sinpro-DF.
O sindicato também espera que Rollemberg acelere o processo de redução da quantidade de alunos dentro de sala, além de melhorar as estruturas físicas das escolas. “Esperamos que o novo governo mantenha a gestão democrática na rede de ensino, que cuide de forma atenta das verbas disponibilizadas para as escolas, criando e cumprindo um cronograma para disponibilização de recursos. Além disso, também espera-se que seja mantido o processo de diálogo com o sindicato da categoria e que o governo contrate professores e coordenadores efetivos para a rede, além de criar a Universidade Pública Distrital”, destacou.
Em campanha, Rollemberg prometeu a valorização, qualificação e adequação do quadro de profissionais e trabalhadores da educação. O objetivo é incentivar os profissionais através de parcerias onde serão ofertados cursos que façam parte da realidade das escolas, alunos e comunidades. O programa inclui a formação inicial e continuada, remuneração digna e carreira estruturada.
Maior carga horária
Segundo a SE-DF, somente 283 escolas e 21 cheches disponibilizam atendimento em jornada de tempo integral, sendo que apenas Brazlândia disponibiliza de 100% de cobertura de educação integral. Cada uma das 21 creches conta com 112 alunos, portanto, são 2.352 crianças matriculadas.
Na visão de Letícia, o novo governador deve tornar a educação integral atrativa para as crianças. “No contra-turno das aulas, as escolas devem oferecer atividades que façam sentido para a criança, como oficinas de teatro, de artesanato, atividades de lazer e cultura, que fogem do conteúdo lecionado dentro de sala de aula. Se a criança tiver nos dois turnos atividades semelhantes, ela não vai dar conta e o ensino integral se tornará enfadonho. Por isso, é necessário disponibilizar atividades integradas ao gosto dos alunos”, sugeriu.
Durante a campanha, Rollemberg afirmou que ampliará a cobertura de ensino, garantindo que todas as crianças e adolescentes de 4 a 17 anos estejam estudando, além da forte atuação para viabilizar a educação infantil de 0 a 3 anos. O novo gestor do DF também prometeu ampliar a educação em tempo integral. Segundo ele, o objetivo da jornada integral é que, além da escola comum, os alunos tenham contato com tecnologia, cultura, artes e esportes. Rollemberg também pretende aumentar a eficácia da alfabetização e reduzir repetência, distorção idade-série, evasão e abandono.