A educadora e psicanalista Maria José Rocha Lima teve publicado mais um artigo científico sobre educação no e – book Discursos Interdisciplinares por uma Educação Transformadora, pela editora Famen.
A publicação foi organizadas por Breno Trajano, Mestre em Educação pela Universidade de São Paulo (USP), ex-secretário de Educação da cidade de Aparecida-PB e professor do Instituto Federal do Rio Grande do Norte (IFRN), e Rosana Sá, Mestre em Formação de Professores pela Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) e professora do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Paraíba (IFPB).
O e-book é prefaciado pelo professor Celso Antunes, consultor educacional do Canal Futura e sócio-fundador do Movimento “Todos pela Educação”.
No prefácio, Antunes afirma: “Sempre acreditei que após mais de oitenta anos de vida e bem mais de duzentos livros publicados no Brasil e traduzidos para outras línguas, nada mais de novo, em Educação, seria possível esperar. Estava errado! Recebi os originais da obra ‘Discursos interdisciplinares por uma educação transformadora’, de um coletivo de professores, e, ao ler os seus pensamentos e conclusões, assim como um velho marinheiro que se encanta ao descobrir terras novas, me renovei com as ideias e ideais compartilhados. Foi maravilhoso degustar das novas aprendizagens adquiridas com a riqueza das afirmações presentes neste e-book, plenas de sabedoria”. Celso Antunes conclui: “Prefaciar este livro não representa mero gesto de cortesia, mas saborosa sensação de deslumbramento”.
Os organizadores destacam que a obra reúne dezesseis artigos científicos, que, de forma “orquestrada, em capítulos – cada um ao seu modo e de acordo com a dinâmica de cada área -, revelam pesquisas e relatos de experiências em diferentes espaços de aprendizagem do Brasil”.
Entre os diversos artigos está o da educadora Maria José Rocha Lima, intitulado “A Educação Começa no Ventre e a Democracia no Colo da Mãe”, no qual a autora apresenta os argumentos e evidências que sustentam a importância das políticas para a educação Infantil e na primeira infância, tendo como base os estudos do Comitê Científico do Núcleo Ciência Pela Infância, da Universidade de Harvard (2015).
Além dos estudos do cientista James Heckman, vencedor do Prêmio Nobel de Economia em 2000, que realizou uma das experiências de maior repercussão mundial, concluindo que investir em educação para a primeira infância é a melhor “estratégia anticrime”, a autora aborda os estudos de Zeljko Loparic, maior especialista brasileiro na obra do pediatra e psicanalista inglês Donald Woods Winnicott, na qual são reveladas as evidências de que as relações sociais começam no colo da mãe”.
Essa relação mãe-bebê, se não for saudável, ou seja, se a mãe ou substituta não for suficientemente boa, teremos crianças submissas que acatam os comandos da mãe, mas não exercitam a sua criatividade, ou crianças que abstraem completamente o ambiente externo, se voltando para si, passando a se relacionar apenas com as suas fantasias interiores, podendo psicotizar-se. Para Zeljko Loparic (2020), há casos de falhas ambientes muito mais graves que podem ter como consequência diferentes quadros psicopatológicos, dentre estes a psicose. Também chama-nos a atenção para uma aprendizagem muito necessária que o bebê realiza na relação com a mãe para as relações futuras, lidando com a ambivalência: amor e ódio (WINICOTT, 1975).
Para Loparic (2020), maturidade é sinônimo de saúde. Uma pessoa saudável é madura, significa capacidade de tolerar o amor e ódio com outra pessoa ou com outro grupo social. Então, a democracia se assenta nas capacidades adquiridas no colo da mãe e na relação com a família e na escola. Numa situação de conflito social, uma pessoa saudável vai se colocar de um lado ou do outro, sem que isso signifique a exclusão do outro lado; a satanização; o aniquilamento do outro ou do grupo social. Portanto, para os teóricos winnicotianos, “a democracia começa no colo da mãe”.
Como propõe o professor Celso Antunes, estes Discursos Interdisciplinares por uma Educação Transformadora, “com tantos especialistas com perfis tão diversificados, não seriam trabalho ambicioso? A resposta é afirmativa. Ambicioso não porque define, mas sugere; não porque aponta soluções, mas estimula a reflexão”.
*Maria José Rocha Lima é mestre e doutoranda em Educação e Psicanalista filiada à Associação Brasileira de Estudos e Pesquisa em Psicanálise.
Veja o E-book: