A moeda americana caiu 0,36%, cotada a R$ 5,4426. O principal índice da bolsa recuou 0,28%, aos 142.200 pontos.

O dólar fechou em queda de 0,36%nesta quinta-feira (16), cotado a R$ 5,4426. O Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira, encerrou em baixa de 0,28%, aos 142.200 pontos.
Os investidores ficaram atentos ao encontro entre autoridades do Brasil e dos Estados Unidos para discutir o tarifaço. Além disso, as negociações comerciais entre Washington e Pequim e os novos dados de atividade econômica nos EUA continuaram no radar do mercado.
▶️ As negociações sobre tarifas entre o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, e o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, chamaram a atenção dos investidores, que buscaram sinais de possíveis ajustes nas relações comerciais entre os dois países.
▶️ Entre os indicadores econômicos, destaque para a “prévia do PIB”. O IBC-Br, índice que mede a atividade econômica no Brasil, subiu 0,4% em agosto em relação a julho. Embora abaixo da expectativa do mercado — que projetava 0,6% —, foi a primeira variação positiva após três meses de queda.
▶️ No cenário internacional, as tensões entre Washington e Pequim voltaram a escalar. A imprensa oficial chinesa respondeu em sete pontos às críticas dos EUA sobre o controle das exportações de terras raras, tentando defender sua política industrial.
▶️ Na véspera, o representante comercial americano, Jamieson Greer, chamou as novas restrições da China de “tomada de poder na cadeia de suprimentos global”. Ele afirmou que Pequim poderia evitar tarifas superiores a 100% sobre seus produtos caso recuasse das medidas previstas para novembro.
▶️ Ainda no cenário internacional, o ouro superou a barreira dos US$ 4,3 mil a onça nesta quinta-feira, impulsionado pela busca por segurança diante da incerteza econômica e geopolítica gerada pela tensão entre EUA e China.
IBC-BR
A economia brasileira voltou a crescer em agosto, após três meses seguidos de queda. Segundo o Banco Central, o Índice de Atividade Econômica (IBC-Br), que funciona como uma prévia do PIB (Produto Interno Bruto), subiu 0,4% em relação a julho. Apesar do avanço, o resultado veio abaixo da expectativa do mercado, que esperava uma alta de 0,6%.
Na comparação com agosto do ano passado, o crescimento foi de apenas 0,1%. Já no acumulado de 12 meses, o IBC-Br teve alta de 3,2%. O indicador é calculado com base em dados da agropecuária, indústria, serviços e impostos sobre a produção.
Em agosto, a indústria cresceu 0,8% e os serviços avançaram 0,2%. Por outro lado, o setor agropecuário teve queda de 1,9%. Se excluído esse setor, o índice geral teria subido 0,4%.
O mês também foi marcado pela entrada em vigor de tarifas de 50% dos EUA sobre produtos brasileiros como carne, café, frutas e calçados.
Mesmo assim, os dados do IBGE foram positivos: a produção industrial cresceu 0,8%, os serviços subiram 0,1% e o varejo teve alta de 0,2%, interrompendo quatro meses de queda.
O Banco Central manteve a taxa básica de juros (Selic) em 15% ao ano e indicou que ela deve continuar nesse nível por um período prolongado para controlar a inflação. Segundo a pesquisa Focus, a expectativa de crescimento do PIB é de 2,16% em 2025 e de 1,80% em 2026.
Mauro Vieira se encontra com Marco Rubio
Representantes dos governos brasileiro e norte-americano se reúnem nesta quinta-feira para discutir o tarifaço — em vigor desde 6 de agosto — e as sanções aplicadas a autoridades brasileiras.
Vieira chegou à capital americana na segunda-feira (13), e a reunião foi acertada após uma conversa telefônica entre os dois na semana passada. A realização do encontro foi confirmada ontem pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) durante um evento no Rio de Janeiro.
Ainda nesta semana, durante uma reunião com o presidente da Argentina, Javier Milei, o presidente Donald Trump sinalizou um dos temas que pretende incluir nas negociações com o Brasil: a possibilidade de substituir o dólar por uma moeda comum entre os países que integram o Brics — grupo formado por algumas das principais economias emergentes do mundo.
China critica EUA
A China acusou os EUA de criar alarme em relação às novas regras chinesas sobre exportação de terras raras — materiais essenciais para a produção de eletrônicos, baterias e equipamentos de alta tecnologia.
Segundo o governo chinês, o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, fez declarações distorcidas sobre um importante negociador comercial do país, rejeitando o pedido da Casa Branca para que as restrições fossem revistas.
Em resposta, o jornal oficial do Partido Comunista da China publicou uma nota com sete pontos contestando as críticas dos negociadores americanos. Eles haviam sugerido que Pequim poderia evitar as tarifas de 100% anunciadas pelo presidente dos EUA, Donald Trump, sobre produtos chineses, caso recuasse nas medidas que devem entrar em vigor em 8 de novembro.
Apesar de os investidores estarem aliviados por EUA e China terem evitado aumentos de tarifas nos últimos meses, cada novo conflito verbal entre os dois países ameaça comprometer uma reunião entre Trump e o presidente chinês, Xi Jinping, prevista para ocorrer na Coreia do Sul no fim do mês — encontro que tem ajudado a manter a estabilidade nos mercados.
Durante uma coletiva de imprensa, o porta-voz do Ministério do Comércio da China, He Yongqian, afirmou que os Estados Unidos estão exagerando e distorcendo as medidas chinesas, o que gera confusão e preocupação desnecessária. Ele garantiu que, desde que os pedidos de exportação estejam corretos e tenham uso civil, serão aprovados normalmente.
As novas regras de exportação levantaram dúvidas entre negociadores e analistas internacionais. Muitos se perguntam se a China exigirá que qualquer produto fabricado no mundo que contenha até mesmo pequenas quantidades de terras raras chinesas precise de uma licença para ser exportado. He Yongqian negou essa possibilidade.
O representante de Comércio dos EUA, Jamieson Greer, criticou as medidas chinesas, chamando-as de uma tentativa de controlar a cadeia global de suprimentos. Já Scott Bessent sugeriu que a trégua tarifária de 90 dias — válida até cerca de 9 de novembro — poderia ser prorrogada.
As relações comerciais entre os dois países pareciam mais estáveis após um telefonema entre Trump e Xi em 19 de setembro, que ocorreu depois de uma reunião em Madri entre autoridades dos dois governos. O encontro foi considerado um avanço, especialmente por conta do acordo envolvendo o aplicativo TikTok.
EUA em paralisação pelo 16º dia
A paralisação parcial do governo dos Estados Unidos chegou ao 16º dia nesta quinta-feira (16), sem avanços concretos nas negociações entre democratas e republicanos. Apesar de os republicanos controlarem ambas as casas do Congresso, ainda precisam de votos democratas no Senado para aprovar o orçamento.
- O impasse gira em torno da manutenção dos subsídios de saúde ligados ao Obamacare, que os democratas querem tornar permanentes antes que expirem no fim do ano.
- Enquanto isso, mais de 750 mil servidores federais seguem afastados de suas funções.
- Apenas trabalhadores considerados essenciais, como militares, policiais, agentes de fronteira e controladores de tráfego aéreo, continuam em atividade.
Na quarta-feira (15), o presidente Donald Trump assinou uma ordem para garantir o pagamento aos militares, mas outros servidores seguem sem previsão de remuneração.
O Senado já rejeitou nove vezes a proposta republicana de reabertura do governo e deve votar novamente nesta quinta-feira, às 11h.
Os democratas resistem às pressões de Trump, que ameaça cortes definitivos em programas sociais. Já os republicanos defendem que a questão dos subsídios seja tratada separadamente.
A crise se aprofunda, e cresce o risco de a paralisação se tornar a mais longa da história americana — até então, a maior paralisação ocorreu no primeiro mandato de Trump, durando 35 dias entre dezembro de 2018 e janeiro de 2019.
Bolsas globais
Os principais índices de Wall Streetfecharam em queda nesta quinta-feira, pressionados pela guerra comercial entre EUA e China e por preocupações com a qualidade do crédito diante de perdas em bancos regionais.
O Dow Jones recuou 0,65%, aos 45.952,24 pontos, o S&P 500 caiu 0,63%, aos 6.629,07 pontos, e o Nasdaq teve perdas de 0,47%, aos 22.562,54 pontos.
Na Europa, os mercados encerraram o pregão em alta, impulsionados por fatores políticos e corporativos. Os investidores acompanham o voto de confiança no primeiro-ministro francês Sébastien Lecornu, enquanto a Nestlé surpreendeu com recuperação nas vendas e anunciou demissões, o que fez suas ações subirem mais de 8%.
Com isso, o índice STOXX 600 subiu 0,7%, enquanto o CAC 40, em Paris, avançou 1,38%. Em Frankfurt, o DAX teve alta de 0,38%, e em Londres, o FTSE 100 registrou ganho de 0,12%.
O FTSE MIB, em Milão, valorizou 1,12%, o IBEX 35, em Madri, subiu 0,48%, e o PSI 20, em Lisboa, fechou com alta de 1,08%.
Já as bolsas asiáticas fecharam com resultados variados nesta quinta-feira. Na China, os índices tiveram leve alta, sustentados por setores mais estáveis, mesmo com as disputas comerciais em andamento.
Em Hong Kong, o mercado oscilou ao longo do dia e terminou em leve queda. Já em outras regiões, o desempenho foi mais positivo, com destaque para Seul e Tóquio.
No fechamento, o índice de Xangai subiu 0,10% e o CSI300 avançou 0,26%. Em Hong Kong, o Hang Seng caiu 0,09%. O Nikkei, em Tóquio, teve alta de 1,27%. O KOSPI, em Seul, subiu 2,49%, o TAIEX, em Taiwan, avançou 1,36%, e o Straits Times, em Cingapura, caiu 0,33.
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O dólar opera cotado acima de R$ 6,00 no mercado à vista na manhã desta quarta-feira, 9, estendendo ganhos frente ao real pelo quarto pregão consecutivo, diante do acirramento da guerra comercial entre os EUA e a China. — Foto: Adriana Toffetti/Estadão Conteúdo