Capital federal tem a segunda maior taxa de letramento entre as unidades da federação, com mais de 97% da população alfabetizada; projetos para diferentes idades e contextos fortalecem a busca por índices cada vez maiores
O sistema EJA no DF atende 3.470 estudantes no 1º segmento, 10.445 no 2º e 11.816 no 3º, com presença em 99 unidades de ensino distribuídas nas 14 regionais; matrículas podem ser realizadas a qualquer momento | Fotos: Matheus H. Souza/Agência Brasília
“Toda a vida que você tiver vai ser melhor com conhecimento”, afirma Flávio Leite Sousa, diretor do Centro de Educação de Jovens e Adultos da Asa Sul (Cesas), ao falar sobre a importância do processo de alfabetização para alunos adultos. “A gente vê que o aprendizado dá mais autonomia aos alunos, principalmente para os adultos. É um movimento de emancipação em todos os níveis e uma abertura para sonhos e possibilidades”, descreve Sousa.
Neste mês, em que se comemora o Dia Nacional da Alfabetização no dia 14, o Cesas se destaca como uma das escolas mais antigas e atuantes do Distrito Federal (DF) na transformação da vida de jovens e adultos. Com essa atuação, a escola contribui diretamente para os altos índices de alfabetização da capital. Segundo o último Censo Demográfico do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o DF possui a segunda maior taxa de alfabetização entre as unidades da federação, com índice de 97,2%, atrás somente de Santa Catarina (97,3%).
Os avanços do DF em alfabetização são confirmados por dados recentes da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, divulgados em março pelo IBGE, que mostram o DF com a menor taxa de analfabetismo do país (1,7%), bem abaixo da média nacional de 5,6%
Esse desempenho positivo do DF é resultado de vários fatores integrados. Além da qualificação dos professores e da flexibilidade de horários, que permite ao aluno adaptar os estudos à sua rotina, a Secretaria de Educação (SEEDF) facilita o ingresso e mantém o envolvimento da comunidade escolar com as famílias. “Na EJA, temos muitos alunos que trabalham em horários variados. Ao oferecer turmas em diferentes turnos, ampliamos as oportunidades para que esses alunos retomem os estudos,” destaca Sousa, ressaltando que essa atenção ao perfil dos estudantes permite que mais pessoas voltem às salas de aula e concluam a formação.
Atualmente, o sistema EJA no DF atende 3.470 estudantes no 1º segmento, 10.445 no 2º e 11.816 no 3º, com presença em 99 unidades de ensino distribuídas nas 14 regionais. Além disso, algumas escolas polos oferecem aulas nos turnos diurno e noturno, facilitando o acesso para alunos de diferentes regiões.
As matrículas, que podem ser realizadas a qualquer momento do ano, facilita a entrada de quem deseja iniciar ou retomar os estudos, oferecendo uma oportunidade contínua de reingresso à educação. Para ampliar o alcance, a Secretaria de Educação (SEEDF) realiza campanhas de busca ativa, incentivando a matrícula e promovendo o acesso à educação para todos.
Outro diferencial importante é a possibilidade de matrícula aberta durante todo o ano, o que simplifica o reingresso de alunos. A SEEDF também realiza campanhas de busca ativa, incentivando a matrícula e promovendo o acesso à educação para todos, principalmente aqueles que, por algum motivo, se distanciaram da escola.
Os avanços do DF em alfabetização são confirmados por dados recentes da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, divulgados em março pelo IBGE, que mostram o DF com a menor taxa de analfabetismo do país (1,7%), bem abaixo da média nacional de 5,6%. Esse resultado não é apenas um reflexo dos altos índices de alfabetização, mas também das políticas efetivas do Governo do Distrito Federal (GDF), que busca erradicar o analfabetismo tanto entre jovens quanto entre adultos. Entre 2022 e 2023, a taxa de analfabetismo caiu de 1,9% para 1,7%, evidenciando a eficácia dessas políticas.
Transformação
Aluna do Cesas desde o ano passado, Ivanildes Francisca Tavares, 67 anos, sente que a vida ganhou mais cor ao voltar a estudar. “Foi muito bom para mim, porque antes eu ficava muito só e agora além de aprender temas novos, estou conhecendo gente diferente. É muito bom você ter amizade com outras pessoas”, conta.
Ela aprendeu a ler e escrever na infância, mas deixou as salas de aula no interior de Minas Gerais, para vir trabalhar na capital federal como empregada doméstica. “Aprendi o básico para me virar, saber onde ir e como voltar. Minha educação foi a vida que me ensinou, não a escola”, lembra.
“É essencial ajustar o conteúdo constantemente para que o aprendizado seja prazeroso e eficaz”
Maria Susley Pereira, chefe da Unidade de Gestão Estratégica da Educação Básica
Depois de muito anos trabalhando, veio a oportunidade dela voltar a estudar: “Eu moro com a família há muito anos e a pessoa que me trouxe para o Cesas era professora daqui. Ela me incentivou muito a voltar aos estudos e ocupar mais meu tempo para fazer atividades diferentes”. Com o ensino, Ivanilde aprendeu palavras que antes falava errado e tem se dedicado a melhorar na matemática. “É muito gratificante superar minhas dificuldades”, concluiu.
Ensino básico
Os primeiros anos escolares até o ensino de jovens e adultos são importantes para o desenvolvimento da criança na vida adulta, segundo a chefe da Unidade de Gestão Estratégica da Educação Básica, da Subsecretaria de Educação Básica da SEEDF, Maria Susley Pereira. Para garantir um ensino de qualidade que se destaca na alfabetização do país, o GDF conta com iniciativas em diferentes áreas da educação básica para aproximadamente 60 mil estudantes matriculados nas turmas de alfabetização dos anos iniciais do Ensino Fundamental no DF, segundo a SEEDF.
Entre eles está o programa Alfaletrando, lançado em 2023 para focar na alfabetização de crianças de até 7 anos e na continuidade do processo até o 2º ano do ensino fundamental.
“Temos todo um trabalho articulado da rede voltado para uma gestão compartilhada, ações de formação e acompanhamento nas unidades escolares”, observa Maria Susley. O programa tem uma abordagem pedagógica com recursos e práticas educacionais para estimular o interesse e a participação dos estudantes.
A SEEDF também preparou material pedagógico suplementar exclusivo do programa, específico para alunos do 1º e 2º ano. “Todo o conteúdo foi atualizado do ano passado para cá pelos professores. O foco agora é que esse material seja revisitado sempre para atender a realidade das crianças simultaneamente”. Além disso, cerca de 3,2 mil professores atuam no desenvolvimento do Alfaletrando, garantindo um acompanhamento pedagógico contínuo. “É essencial ajustar o conteúdo constantemente para que o aprendizado seja prazeroso e eficaz”, conclui Maria Susley.