Ordem dos advogados defende cotas para negros nos processos seletivos da categoria. Ação ocorre na mesma semana em que profissionais foram denunciados por injúria racial.
A seccional da Ordem dos Advogados do Brasil no Distrito Federal (OAB-DF) lança, nesta quinta-feira (13) – Dia da Abolição da Escravatura – uma campanha contra o racismo. Conselheiros defendem ações afirmativas de inclusão de negros e pardos nos processos seletivos da categoria.
A campanha ocorre na mesma semana em que advogados foram denunciados por injúria racial após fazer comentários discriminatórios contra uma seleção de estagiários negros.
A presidente da OAB no DF, Cristiane Damasceno, conta que a campanha é chamada de “Dia da (não) abolição” porque a “abolição não aconteceu”. Ela chama a atenção para os impactos da desigualdade social, vistos até hoje.
“Aderimos desde 2019 à necessidade de termos pretos e pretas dentro do nosso Conselho, e hoje criamos uma Diretoria e Igualdade Racial e Social, porque precisamos reparar aquilo que fizeram conosco”, diz a advogada em um dos vídeos da campanha.
No mesmo sentido, o presidente da Comissão de Igualdade Racial da OAB-DF, Beethoven Andrade, aponta que a Lei Áurea foi uma liberdade apenas formal. “Informalmente, os negros continuam sendo preteridos dos espaços de poder, preteridos nos espaços decisórios. Por isso, a importância das cotas e dos processos afirmativos”, diz ele.
Advogados fazem ofensas racistas após escritório divulgar vaga para estagiários negros
Na segunda-feira (10), um escritório de advocacia do DF registrou um boletim de ocorrência de injúria racial após profissionais fazerem comentários racistas sobre um processo seletivo voltado para estagiários negros, realizado pela empresa.
As ofensas ocorreram durante troca de mensagens em dois grupos de advogados, por sete pessoas. Eles se referiam à seleção como “racismo contra branco” e compartilharam memes – como o dos “coveiros dançarinos”, que viralizou durante a pandemia.
“Achei o estagiário”, disse um advogado, usando a imagem de um humorista africano que circula nas redes sociais.
O caso foi registrado na Delegacia Especial de Repressão aos Crimes por Discriminação Racial, Religiosa ou por Orientação Sexual ou contra Pessoa Idosa ou com Deficiência (Decrin), da Polícia Civil do DF. Representantes da OAB-DF acompanham o caso. (G1/DF)