Secretaria de Saúde diz haver crise na produção de vacinas. Tétano causa contrações, dificuldade para engolir e rigidez.
Moradores do Distrito Federal enfrentam dificuldades para receber vacina contra tétano em postos e hospitais da rede pública há pelo menos dois meses. A imunização, conhecida como DTP acelular, é fornecida pelo Ministério da Saúde às secretarias estaduais, mas, de acordo com o GDF, problemas enfrentados pelos laboratórios têm dificultado a produção das doses. Não há prazo para regularizar a situação. A alternativa é aplicar a vacina pentavalente.
Até o fechamento da matéria, o Ministério da Saúde não havia se pronunciado. Por nota, a Secretaria de Saúde ressaltou que não há desabastecimento total da rede. “Os estoques estão reduzidos, mas a vacina continua sendo aplicada”, informou.
Nesta terça-feira (8), um menino de 10 anos se feriu após pisar em um prego de 5 centímetros. A mãe da criança, a cabeleireira Marcileia Couto, de 43 anos, disse que procurou dois postos de saúde na Asa Norte , além do hospital regional. Entretanto, foi informada de que apenas as regiões de Planaltina eCeilândia estavam oferecendo a medicação. Ela teve que desembolsar R$ 250 em um laboratório particular.
“O corte foi muito fundo e sangrava bastante. Fiquei muito preocupada com alguma infecção e corremos para o posto da 208 Norte.”
Os funcionários do posto, segundo a mãe, informaram que a vacina estava em falta. Então, a mulher e o filho foram até a 706 Norte e novamente foram avisados do estoque zerado da medicação. “Fui até o Hran [hospital regional] e disseram que a vacina estava em falta e que eu conseguiria apenas em Ceilândia ou Planaltina. Como meu filho não podia esperar, fomos até um laboratório particular para aplicação do remédio.”
Marcileia conta que optou por pagar para aplicar a vacina. Segundo ela, o dinheiro foi retirado da poupança e seria usado para comprar materiais escolares. “Estamos no final do ano, sou cabeleireira e não rica. Não podia ter gastado R$ 250 com uma vacina. A Saúde tem obrigação de fornecer medicamentos pagamos impostos caros para nada?”, diz.
Por nota, a Secretaria de Saúde informou que a a recomendação é utilizar temporariamente a vacina pentavalente até que os estoques sejam abastecidos. “A pentavalente protege contra difteria, tétano, hepatite B e infecções causadas pelo hemófilos influenza tipo B.”
A cabeleireira disse que não foi informada sobre a vacina pentavalente. “Não me deram opções, apenas me mandaram correr atrás. Tive muita dor de cabeça. É triste ver como está a saúde no Distrito Federal. Eu, pelo menos, pude pagar a vacina. E quem não tem dinheiro? Morre por falta de tratamento, né?”, questionou.
Importância
O tétano é uma infecção causada por uma toxina que entra no organismo por meio de ferimentos ou lesões na pele (tétano acidental) ou pelo coto do cordão umbilical (tétano neonatal ou mal dos sete dias) e atinge o sistema nervoso central.
De acordo com o Ministério da Saúde, o tétano provoca contrações e espasmos, dificuldade em engolir e rigidez no pescoço. Aos 2, 4 e 6 meses é necessário tomar uma dose da vacina Aos 15 meses, é necessário um reforço só com a DTP. A criança deverá receber novamente a medicação aos 10 ou 11 anos com a vacina dupla adulto (difteria e tétano).
Adultos que nunca tomaram a vacina podem tomar em qualquer idade. O reforço deve ser feito a cada dez anos.
“Todo ferimento deve ser lavado com água e sabão. Qualquer pessoa que tenha um ferimento que envolva uma pele morta, por exemplo, deve tomar a vacina novamente de tétano por precaução”, disse o infectologista José Davi Urbaez.
Segundo ele, cortes causados por objetos enferrujados e de origem vegetal devem receber atenção especial. “É extremamente importante que as pessoas mantenham a vacinas em dia.”