Dados do Censo 2022 foram divulgados nesta sexta-feira (8). Segundo levantamento, 6,3% da população da capital vive em favelas.
Por Iana Caramori, Joca Magalhães, g1 DF e TV Globo
Igo Estrela/Metrópoles. @igoestrela
O Distrito Federal tem as três maiores favelas, em área territorial, do Brasil: 26 de setembro, Sol Nascente e Morro da Cruz I e II. Os dados são do Censo 2022, do Instituto de Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgados nesta sexta-feira (8).
“É possível constatar que não existe uma relação direta entre as áreas territoriais das favelas e comunidades urbanas e o número de pessoas residentes. 26 de setembro, por exemplo, aparece como a de maior área territorial e, no entanto, não consta na lista das 20 maiores do país em termo de número de pessoas residentes”, explica o pesquisador do IBGE Christiano Raposo.
Para o pesquisador, esse resultado evidencia “a localização desses territórios em áreas planas e, portanto, favelas mais horizontalizadas”.
Veja o ranking das cinco maiores favelas em área territorial de acordo com o IBGE:
- 26 de Setembro – Brasília (DF): 10,5 km²
- Sol Nascente – Brasília (DF): 9,2 km²
- Morro da Cruz I e II – Brasília (DF): 5,9 km²
- Invasão Água Limpa – Itabirito (MG): 5,7 km²
- Valéria – Salvador (BA): 5,5 km²
- Coroadinho – São Luís (MA): 5,4 km²
O Sol Nascente aparece ainda em segundo lugar na lista das maiores favelas em número de residentes, com cerca de 70 mil pessoas. A região do DF perde apenas para a Rocinha, no Rio de Janeiro, onde o IBGE mapeou 72 mil moradores.
- Rocinha – Rio de Janeiro (RJ): 72.021 moradores;
- Sol Nascente: – Brasília (DF): 70.908 moradores;
- Paraisópolis – São Paulo (SP): 58.527 moradores;
- Cidade de Deus/Alfredo Nascimento – Manaus (AM): 55.821 moradores;
- Rio das Pedras – Rio de Janeiro (RJ): 55.653 moradores;
- Heliópolis – São Paulo (SP): 55.583 moradores.
Na prévia do Censo 2022, divulgada em março do ano passado, o Sol Nascente estava em primeiro lugar no ranking. Os dados finais, entretanto, mostraram que a Rocinha é maior. Nesse caso, a comparação preliminar levava em consideração o número de domicílios. Veja a diferença:
Ao todo, o DF tem 62 áreas mapeadas como favelas e comunidades urbanas. Planaltina e São Sebastião concentram a maior parte delas, segundo o IBGE.
👉 Ainda de acordo com o levantamento, 6,3% da população da capital vive em favelas, ou seja, 198.779 pessoas.
Conheça as regiões
- Sol Nascente
Os terrenos começaram a ser fracionados de forma irregular nos anos 90. A 35 quilômetros do centro de Brasília, a região cresceu e, em 2019, virou uma região administrativa. Antes disso, fazia parte de Ceilândia, que tem cerca de 280 mil habitantes.
- 26 de setembro
O assentamento, criado em 1996, fica na região administrativa de Vicente Pires. As famílias foram instaladas na região pelo próprio governo do DF. Até este ano, o local não era regularizado. Atualmente, cerca de 10 mil pessoas moram no 26 de setembro.
- Morro da Cruz
A região de São Sebastião ainda está em fase de regularização pelo governo da capital desde 2021. No ano passado, cerca de 25 mil pessoas moravam no local. Em 2009, o Morro da Cruz era uma zona de chácaras e foi, ao longo dos anos, ganhando características urbanas.
Classificação
De acordo com o IBGE, para ser considerada favela, a comunidade precisa apresentar os seguinte indicadores:
- abastecimento inadequado de água tratada;
- saneamento inadequado;
- localização em áreas de risco ou próximo a elas;
- construções com estruturas temporárias ou degradadas;
- proporção de domicílios com mais de duas pessoas por cômodo;
- proporção de domicílios com título formal tanto de terra quanto de residência.