Miguel Lucena
A desinformação é usada, na arte da guerra, para ludibriar o inimigo. Contudo, passado o combate, a realidade se impõe.
Agora, com a explosão das redes sociais e o acesso de milhões de pessoas aos diversos canais, a análise das informações exige muito mais esforço e diligência dos profissionais da área.
Acabo de receber um banner em que um ex-deputado do Psol aparece propondo a abolição da Bíblia. Vários grupos e pessoas estão replicando a mensagem como se fosse verdadeira. Alguns, por precaução, ainda se dão ao trabalho de perguntar se aquilo procede.
Em uma manifestação realizada há poucos dias, um homem leu uma mensagem dizendo que um ex-juiz e advogado havia “decretado a prisão em flagrante” do presidente do TSE, Alexandre de Moraes, ministro do Supremo Tribunal Federal, como se isso fosse possível, e muita gente acreditou.
Em outra manifestação, uma suposta advogada pede em vídeo um habeas corpus preventivo para os manifestantes que faziam bloqueio nas estradas, com base no artigo 120 da Constituição Federal, que nada tem a ver com o tema, e tendo como autoridade coatora o presidente de um tal STE (assim mesmo).
Alguns tentam decifrar alguma mensagem oculta na fala dos líderes, outros acreditam que batalhões patrióticos estão em marcha para tomar o poder e muitos se postam em frente aos quarteis acreditando que generais ouvirão o apelo popular, passando por cima do presidente, do Congresso Nacional, do Supremo Tribunal Federal, dos Estados Unidos, da União Europeia e da China.
No filme O que é isso, companheiro?, uma guerrilheira, isolada e em desespero, conta para o parceiro que Caetano Veloso acabara de homenagear Carlos Marighella em disco, tocando seu nome de frente para trás.
– E quem já viu disco tocar ao contrário? – questionou o parceiro, fazendo a guerrilheira cair na real e desabar em prantos.
As notícias falsas criaram um contingente de pessoas que vivem uma realidade paralela.
Muito e muito isto.
Realidade paralela deve assemelhar – se a alienação.
Excelente texto.
Claro e objetivo perante a realidade nacional do momento.