sexta-feira, 10/10/25

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Derrite diz que etanol adulterado tinha mais de 40% de metanol e falsificadores foram prejudicados por organização criminosa

Na visão do secretário da Segurança, os adulteradores tinham a intenção de mudar as fórmulas das bebidas com etanol, mas compraram os combustíveis adulterados com metanol em postos de combustíveis ligados ao crime.

O secretário da Segurança Pública, Guilherme Derrite, com Artur Dian – delegado-geral da Polícia Civil – e o secretário executivo Osvaldo Nico. — Foto: Reprodução/TV Globo

 

O secretário de Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite, afirmou nesta sexta-feira (10) que o etanol usado na produção de bebidas falsificadas, em alguns casos, continha mais de 40% de metanol e teria origem de um mesmo posto ou rede de postos de combustíveis.

Segundo ele, os suspeitos presos até agora não têm ligação com facções criminosas e foram, na verdade, prejudicados por uma organização criminosa que lucra com a adulteração do combustível.

Na visão do secretário, os adulteradores tinham a intenção de mudar as fórmulas das bebidas com etanol, mas compraram os combustíveis adulterados com metanol nesses postos.

“É uma associação criminosa que foi prejudicada por uma organização criminosa”, disse.

 

Segundo o secretário, a adulteração de bebidas alcoólicas é uma prática antiga, mas o caso chamou atenção pelo alto índice de metanol encontrado. De acordo com as autoridades, concentrações de 0,1% já são nocivas à saúde humana, enquanto o etanol apreendido continha entre 36% e 40% da substância — um nível considerado extremamente elevado. As investigações apontam que o produto pode ter sido adquirido em um mesmo posto ou dentro de uma mesma rede de combustíveis.

“A nossa linha de investigação é essa. Por isso que a gente descartou, num primeiro momento, a participação do PCC nesse processo. (…) Não quero absolver o criminoso ou criar uma tese de defesa pra ele, mas pode ser que adulteraram sem saber do nível tão grande assim de metanol dentro do etanol”, diz Derrite.

A declaração foi dada numa coletiva de imprensa convocada após a Polícia Civil descobrir um laboratório em São Bernardo do Campo que adulterava bebidas com etanol (leia mais abaixo).

No local, uma mulher foi presa em flagrante adulterando bebidas com vodka e gim. O marido dela – que já tem passagem na polícia pelo crime de adulteração – está sendo procurado.

Durante a coletiva, o superintendente do Instituto de Criminalística (IC) – Claudinei Salomão – afirmou que até o momento 1.800 garrafas de bebidas apreendidas foram analisadas pelo órgão.

Desse total, ao menos 300 foram efetivamente periciadas. E desse grupo de 300 garrafas, pelo menos 50% delas tinham concentrações de metanol que variam entre 10 a 45%.

Envolvimento do PCC

 

Após a divulgação dos primeiros casos de intoxicação, a Associação Brasileira de Combate à Falsificação divulgou uma nota em que afirmou suspeitar que o metanol usado para adulterar bebidas alcoólicas possa ser o mesmo importado ilegalmente pela organização criminosa PCC para adulterar combustíveis. O governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), contudo, descartou o envolvimento de facções criminosas.

A Polícia Civil de São Paulo trabalha com duas linhas principais de investigação sobre as bebidas “batizadas” com metanol, que causaram diversas internações e mortes no estado.

Uma delas é que o metanol teria sido usado para a higienização de garrafas reaproveitadas que não foram destinadas para a reciclagem, segundo o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas.

Outra hipótese é o uso do metanol para aumentar na produção o volume de bebidas falsificadas. Uma possibilidade é que a intenção do falsificador fosse adicionar etanol puro, sem saber que o produto estava contaminando com metanol.

Fábrica de adulteração fechada

A polícia localizou nesta sexta (10), em São Bernardo do Campo, a fábrica clandestina de onde teriam saído as garrafas de bebida alcoólica que causaram a morte de duas pessoas por intoxicação com metanol no estado. Segundo a polícia, a suspeita é de que a fábrica pirata comprava etanol em postos de combustível.

O etanol comprado pelos fabricantes estaria adulterado com metanol, substância tóxica que provocou os casos de intoxicação. Esse combustível era misturado a bebidas como vodka.

A descoberta ocorreu durante a investigação instaurada para apurar casos de adulteração de bebidas alcoólicas, após os dois primeiros óbitos registrados na capital paulista. As vítimas haviam consumido vodka no mesmo estabelecimento comercial localizado na Zona Leste de São Paulo.

Polícia encontra fábrica clandestina ligada às mortes por intoxicação com metanol. — Foto: Reprodução/Polícia Civil

Polícia encontra fábrica clandestina ligada às mortes por intoxicação com metanol. — Foto: Reprodução/Polícia Civil

Após a investigação identificar os fabricantes da bebida, a operação, com mandados de busca e apreensão, desmantelou a fábrica clandestina em São Bernardo.

Segundo a polícia, a proprietária da fábrica confessou que havia comprado as garrafas de uma distribuidora não autorizada. Ela foi presa em flagrante por crime de adulteração de bebidas.

Ela será autuada por falsificação, corrupção, adulteração de substâncias ou produtos alimentícios tornando-os nocivos à saúde ou diminuindo seu valor nutritivo. A pena para esses crimes é de reclusão de 4 a 8 anos e multa.

Além de São Bernardo do Campo, endereços em São Caetano do Sul e na capital paulista também foram vistoriados. Ao todo, oito suspeitos foram encaminhados à delegacia para prestar esclarecimentos.

Garrafas, bebidas, aparelhos celulares e outros itens foram apreendidos na ação e encaminhados à perícia.

A Polícia Civil diz que segue com as investigações para apurar o envolvimento dos suspeitos e a origem dos produtos apreendidos.

 

Infográfico: o impacto do metanol no corpo humano. — Foto: Arte/g1

Infográfico: o impacto do metanol no corpo humano. — Foto: Arte/g1

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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