Martín Vizcarra, o presidente do Peru, deverá conseguir escapar de um impeachment em seu país, de acordo com levantamentos entre os deputados feitos pela mídia local.
O Congresso começa a avaliar na sexta-feira se vai retirar Vizcarra do posto. O presidente teria contratado, com dinheiro público, um cantor chamado Richard Cisneros.
Vizcarra mandou duas assessoras mentirem sobre o número de encontros que ele teve com o cantor. O líder peruano fez isso em áudio, e as gravações vazaram.
O Congresso, então, abriu um processo de impeachment. Foram 65 votos a favor, seis contra e 24 abstenções. A votação deve acontecer na sexta-feira (18).
De acordo com um levantamento do jornal “El Comércio”, das nove bancadas no Congresso, uma única já decidiu que pretende votar para destituir Vizcarra.
Quatro frentes ainda não chegaram a uma definição, mas mesmo que essas decidam votar a favor do impeachment, não haveria deputados suficientes para destituir o presidente.
As outras quatro bancadas deverão votar para absolver.
Oposição considera que não é o momento
César Acuña, chefe do segundo maior partido no Congresso e possível candidato nas eleições presidenciais de 2021, disse que uma derrubada de Vizcarra “só poderia agravar” a situação atual do país, já fragilizado pelo impacto da crise provocada pelo novo coronavírus.
“Seria absolutamente desnecessário e impertinente forçar uma vacância presidencial por parte do Congresso. Isso só poderia agravar a crise política e de saúde em curso”, afirmou Acuña, empresário que possui várias universidades privadas.
Outros nomes da política peruana, incluindo Keiko Fujimori, líder da terceira força no Congresso, e Julio Guzmán, do centrista Partido Roxo, distanciaram-se da tentativa de impeachment e sugeriram que Vizcarra deveria ser investigado quando seu mandato terminar.
Ação no Tribunal Constitucional
No começo da semana, Vizcarra procurou o Tribunal Constitucional do país para tentar barrar o impeachment.
Na Justiça, ele alega que o Congresso usa um artigo sobre incapacidade moral para embasar o pedido de destituição.