Quem presenciava o dentista brasiliense Hiroshi Tanaka Júnior guiando a potente Ferrari Califórnia, avaliada em R$ 850 mil, imaginava tratar-se de um profissional de sucesso. No entanto, a Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) o investiga por ele ter deixado um rastro de golpes avaliados em aproximadamente R$ 5 milhões.
O alvo do falsário era um grupo formado por pelo menos oito empresários da capital da República.
A investigação, aberta na 19ª Delegacia de Polícia (P Norte), revela que o dentista se aproximava de pessoas conhecidas na alta sociedade de Brasília se apresentando como “exímio jogador de pôquer”. Na lábia, Hiroshi convencia investidores a apostar em sua habilidade com as cartas e prometia percentuais de rendimentos que variavam entre 8% e 15%. A rentabilidade seria garantida por supostas vitórias em torneios do jogo, o que nunca ocorreu.
Apenas um dos empresários alvos do dentista amargou um prejuízo de R$ 760 mil. Com a condição de ter a identidade mantida em sigilo, a vítima aceitou conversar com a reportagem. Segundo o relato dessa pessoa, o falsário foi apresentado por intermédio de amigos em comum.
“Realmente, ele é extremamente articulado e convincente. Demonstrava saber jogar pôquer. Resolvi investir nele e fiz transferências bancárias que variavam de R$ 100 mil a R$ 200 mil por diversas vezes”, contou.
Pirâmide
De acordo com o empresário ouvido pela reportagem, o golpista era conhecido nas mesas de pôquer esportivo. “De fato, ele sabe jogar, mas se aproveitou das pessoas próximas e que tinham boa condição financeira para aplicar esse golpe e desaparecer do Distrito Federal”, afirmou a vítima.
Quando começava a ser pressionado pelos investidores, Hiroshi justificava que sabia fazer investimentos no mercado financeiro com dólar e euro, garantido lucro entre 5% e 10%, o que também nunca ocorreu.
Nessa ação, o dentista promovia uma espécie de pirâmide, coletando investimentos dos empresários e pagando parcelas menores a quem havia investido anteriormente. Em determinado momento, a corrente se rompeu, deixando todos no prejuízo.
Logo em seguida, Hiroshi deixou o Brasil às pressas, em direção a Orlando, nos Estados Unidos, onde se encontra atualmente. Em seguida, a Ferrari também foi anunciada para venda em um site especializado em automóveis pela bagatela de R$ 850 mil.
A Ferrari Califórnia usada pelo dentista quando ele estava no DF teria sido comprada com o dinheiro dos golpes, de acordo com o empresário vítima do golpista. “Esse carro foi comprado justamente com o valor que ele me lesou, R$ 760 mil. Como é muito esperto, colocou o veículo no nome de um amigo e deixou para ser vendido em uma loja de luxo”, afirmou.
A reportagem apurou que o esportivo italiano está no nome de outro dentista, identificado como Aparício Humberto de Souza. Ambos teriam divido um consultório odontológico no Lago Sul.