Além de deputados estaduais, federais, senadores e conselheiros do TCE, o depoimento de Silval Barbosa compromete também Blairo Maggi
Depois das descobertas feitas pela Operação Lava Jato graças a delações premiadas, um acordo de colaboração celebrado em Mato Grosso vem produzindo tremores de terra que começam a causar estragos distantes do epicentro localizado em Cuiabá e podem sacudir todo o país. “O conteúdo é monstruoso”, resumiu para o site O Livre o ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal, ao comentar o baú de segredos aberto pelo ex-governador mato-grossense Silval Barbosa. “Depois da Lava Jato, é a maior operação”.
Assinado há dois meses com a Procuradoria-Geral da República (PGR), o acordo aguarda a homologação de Fux. Além de deputados estaduais e federais, senadores e conselheiros do Tribunal de Contas do Estado, o conteúdo dos depoimentos compromete também Blairo Maggi, atual ministro da Agricultura e governador de Mato Grosso de 2003 a 2010. Segundo Silval, Maggi participou da montagem de um esquema para liberar dinheiro de precatórios em troca do apoio de parlamentares.
Maggi divulgou uma nota para neutralizar a primeira carga de artilharia. “Causa estranheza e indignação que possíveis acordos de colaboração, muitos ainda não homologados, coloquem em dúvida a credibilidade e a imagem de figuras públicas que tenham exercido com retidão, cargos na administração pública”, ressalta um trecho do documento. “Nunca houve ação, minha ou por mim autorizada, para obstruir a justiça ou atrapalhar as investigações”.
Amigo de longa data do ministro Gilmar Mendes, Silval Barbosa governou Mato Grosso de 2010 a 2014. Preso em 2015 pela Operação Sodoma, que investiga crimes de fraudes na concessão de incentivos fiscais, conquistou o direito à prisão domiciliar em junho deste ano depois de se comprometer publicamente a colaborar com a Justiça e devolver R$ 46 milhões.
Silval é o primeiro ex-governador brasileiro a assinar um acordo de delação premiada. Uma boa notícia para o Brasil e uma péssima notícia para o Legislativo, para o Executivo e, provavelmente, também para o Judiciário.