sábado, 25/01/25
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Decisão de Dino fez Rei do Lixo fretar avião às pressas para Brasília

Em depoimento, o piloto afirmou que organizou todos os detalhes de logística em menos de 24 horas pois a viagem era “crucial”

Rosinei Coutinho/SCO/STF

 

A Operação Overclean se apresenta como a peça essencial que pode responder às lacunas e consolidar os avanços das investigações conduzidas pelo ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF). Enquanto Dino foca na origem das irregularidades, questionando os critérios de liberação e rastreamento de emendas parlamentares, a Overclean explora como esses recursos foram utilizados, desviados e vinculados a fraudes em contratos e obras públicas. Essa integração entre os casos, conforme a coluna revelou, foi um dos argumentos defendidos pela Polícia Federal ao pedir que a relatoria do caso fique com Dino.

No centro das ações, está a decisão de Dino de liberar emendas condicionadas a critérios rigorosos de transparência e rastreabilidade, um marco contra fraudes que mobilizou criminosos a ajustarem suas estratégias. A Polícia Federal acompanhou de perto um desses movimentos que aponta para o caso mais emblemático, que ilustra a clara conexão entre as decisões do STF e a organização criminosa.

Investigações revelam que Marcos Moura, conhecido como o “Rei do Lixo”, articulou um fretamento de última hora de uma aeronave privada logo após a liberação das emendas parlamentares com critérios de transparência pelo ministro Flávio Dino, em 2 de dezembro do ano passado.

As evidências colhidas incluem o depoimento do piloto da aeronave, que revelou que o voo foi organizado de maneira emergencial. “Recebi a ligação de Marcos Moura, solicitando o serviço com urgência, ajustando todos os detalhes de logística em menos de 24 horas. Não me informaram o motivo específico, apenas que era uma viagem crucial”, relatou o piloto.

Marcos Moura, além de organizar o fretamento, as investigações mostram que ele coordenou a logística do transporte de dinheiro e instruiu os envolvidos na operação. Em 3 de dezembro de 2024, Alex Rezende Parente e Lucas Lobão, ambos investigados por lavagem de dinheiro e corrupção, embarcaram em Salvador com três malas e duas mochilas que, posteriormente, foram descobertas pela Polícia Federal contendo R$ 1,5 milhão em espécie. A suspeita é de que o dinheiro seria usado para tentar liberar as emendas com parlamentares “flexibilizando” o quesito transparência determinado por Dino.

A abordagem ocorreu no Aeroporto Internacional de Brasília, onde os agentes apreenderam as quantias e uma planilha com contratos suspeitos, somando mais de R$ 200 milhões. Um ponto de destaque é a citação direta a “MM” nos documentos, possivelmente referindo-se a Marcos Moura.

Durante a operação, os investigados ofereceram versões conflitantes sobre a origem do dinheiro e o propósito da viagem. Enquanto Alex Parente alegou que o montante vinha de vendas acumuladas em cofre empresarial, Lucas Lobão declarou não ter conhecimento do valor transportado.

Cronologia dos fatos

Liberação com critérios (2 de dezembro de 2024)
•Após aprovação de uma nova lei corrigindo problemas, Dino libera o pagamento das emendas.
•Estabelecidos critérios rigorosos de transparência e rastreabilidade para a liberação.

Ação da Polícia Federal e apreensão (3 de dezembro de 2024)
Um dia após a liberação, a PF apreende:
•R$ 1,5 milhão em espécie.
•Uma planilha detalhando contratos suspeitos somando R$ 200 milhões.
•Apreensão ocorre em um jatinho fretado por Alex Rezende Parente e Lucas Lobão, envolvidos no esquema.

Suspensão de emendas (23 de dezembro de 2024)
•O ministro Flávio Dino suspende o pagamento de R$ 4,2 bilhões em emendas parlamentares.
•Decisão motivada por denúncia do PSOL sobre falta de transparência nos repasses.
•Dino determina auditoria pela CGU e instauração de inquérito pela Polícia Federal.

 

 

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