O dado foi aferido pelo Datafolha, em pesquisa realizada em 191 cidades do país. Nela, foram ouvidas 3.666 pessoas presencialmente
O presidente Jair Bolsonaro (PL) mantém o pior nível de avaliação de seu governo neste final de terceiro ano de mandato, com 53% dos brasileiros reprovando a forma com que administra o país.
O dado foi aferido pelo Datafolha, em pesquisa realizada em 191 cidades do país. Nela, foram ouvidas 3.666 pessoas presencialmente, de 13 a 16 de dezembro. A margem de erro é de dois pontos para mais ou para menos.
Segundo o instituto, apenas 22% dos entrevistados considera o governo de Bolsonaro bom ou ótimo, enquanto 24% o avaliam como regular. Já 1% não opina.
Os dados mostram uma estabilidade em relação à pesquisa anterior, de 13 a 15 de setembro. Ao longo desses três anos, a reprovação de Bolsonaro ultrapassou a aprovação já após oito meses de mandato, no longínquo agosto de 2019.
Dali em diante, com a chegada da pandemia em 2020, chegou a um ápice em junho daquele ano, com 44% de ruim/péssimo. O auxílio emergencial aos mais afetados na crise fez efeito, e Bolsonaro viu sua reprovação cair a 32% dezembro passado.
De lá para cá, contudo, ela só fez subir, chegando ao nível dos 53% em setembro deste ano. Concorrem muito para essa deterioração a piora no ambiente econômico e social, devido à recessão técnica em que o país está e ao aumento da inflação.
Até o 7 de Setembro, quando Bolsonaro promoveu um desafio golpista ao Judiciário, a crise institucional também tornava o ambiente político turbulento de forma apoplética. Atos de rua que vinham ganhando corpo contra o presidente, contudo, refluíram e sumiram da paisagem política.
A relativa acomodação depois que o presidente selou o casamento com o centrão, simbolizado na entrada do PP no núcleo do governo e na sua filiação ao PL, reduziu a balbúrdia, mas é especulação associar isso à estabilização dos indicadores ocorrida no mesmo período.
Seja como for, Bolsonaro só perde para Fernando Collor de Mello (PRN) em termos de reprovação de um presidente eleito diretamente em primeiro mandato desde a redemocratização. O hoje senador tinha 68% de ruim/péssimo em altura um pouco anterior do governo (2 anos e 6 meses), mas já estava no fogo do impeachment que o fez renunciar em dezembro de 1992.
A mais bem avaliada pessoa nessa condição foi Dilma Rousseff (PT) em dezembro de 2013, quando tinha 41% de ótimo/bom e apenas 17% de ruim/péssimo. Sinal da impermanência da política, três anos depois o presidente era o seu altamente impopular vice, Michel Temer (MDB), no cargo após o impedimento da chefe.
A aprovação de Bolsonaro seguiu estável, com alguns pontos altos, do início do governo até março deste ano. A partir daí, caiu do patamar dos 30% para o dos 20%.
Tudo isso tem reflexo eleitoral, é claro. O mesmo levantamento do Datafolha apontou que Bolsonaro é rejeitado, como candidato à reeleição, por 60% dos ouvidos. Ele tem na corrida 22% a 23% das intenções de voto a depender do cenário, algo em linha com sua aprovação —mas bastante abaixo do líder da corrida agora, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que bate quase em 50%.
O mesmo espelhamento com o desempenho eleitoral se vê na estratificação da pesquisa. Nos segmentos mais relevantes em termos de amostra, Bolsonaro é mais reprovado como governante no Nordeste (58% de ruim/péssimo) e entre jovens de 16 a 24 anos (59%).
Como na avaliação eleitoral, tem baixa aprovação entre os 51% que ganham até 2 salários mínimos (17% de ótimo/bom) e melhor desempenho entre os mais ricos (28%, 31% e 28% entre quem ganha de 2 a 5 mínimos, de 5 a 10 ou mais de 10, respectivamente).
O único segmento em que sua aprovação supera a desaprovação, de resto repetindo a simpatia em todos os itens pesquisados pelo Datafolha, é o dos empresários. Lá, tem 50% de ótimo/bom, ante 36% de ruim/péssimo. Numericamente, o grupo representa só 3% da amostra.
Entre sua base evangélica, recentemente brindada com um ministro do Supremo “terrivelmente” aderente a ela, Bolsonaro ainda é mais mal avaliado, ainda que de forma menos chamativa: 39% o reprovam, enquanto 33% o aprovam.
Por FolhaPress*