Menos de cinco horas depois de o Supremo Tribunal Federal (STF) decidir soltar o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, a oposição avisou que vai convocá-lo para a CPI Mista, que deve ser instalada amanhã no Congresso. Réus do processo derivado da Operação Lava-Jato, da Polícia Federal, Costa e o doleiro Alberto Youssef — que também será chamado para depor — são considerados peças centrais no esquema de corrupção desencadeado na estatal ao longo dos últimos 10 anos, o que pode trazer mais dor de cabeça para o governo. Juntos, os dois são acusados de participar de esquema que movimentou R$ 10 bilhões.
Como diretor de Refino e Abastecimento, Costa participou de todas as operações da Petrobras questionadas recentemente, a exemplo da compra das refinarias de Pasadena (Estados Unidos) e de Okinawa (Japão), bem como a construção da Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, que tem indícios de superfaturamento. “Ele era diretor na época. É necessário saber mais do envolvimento com o doleiro (Alberto Youssef). Foram movimentados bilhões de reais no esquema de lavagem de dinheiro. De onde vieram esses recursos?”, questiona o líder do PPS na Câmara, Rubens Bueno (SP).
Os oposicionistas observam Costa desde a eclosão do escândalo. A comissão externa criada pela Câmara para examinar as denúncias de pagamento de propina à empresa holandesa SBM Offshore chegou a aprovar um requerimento para ouvir o ex-diretor no presídio de Londrina, na modalidade convite. O juiz do caso, Sérgio Moro, deferiu o pedido, mas os advogados de defesa de Costa usaram a prerrogativa de negar a audiência. Na CPI, entretanto, ele será obrigado a comparecer, por se tratar de uma convocação. O que não significa que a base governista — maioria tanto na CPI do Senado quanto na mista — não vá usar de todas as táticas protelatórias possíveis para evitar isso.
Fonte: G1