Governo quer sair na frente na imunização contra o novo coronavírus, visto que o governo de São Paulo mantém o início da aplicação das vacinas para 25 de janeiro
O Ministério da Saúde está planejando para a próxima terça-feira, 19 de janeiro, uma cerimônia para dar início ao plano de vacinação contra a covid-19. A intenção seria vacinar duas pessoas do grupo prioritário, um profissional da saúde e um idoso acima de 75 anos, como sendo um ‘pontapé’ do processo de imunização.
A estratégia é considerada meramente simbólica, já que não haveria tempo hábil para distribuir as doses aos estados e começar a imunização nacional na mesma data da cerimônia. Está marcada para esta data uma reunião do Ministério da Saúde com governadores, que deveria ter acontecido na última terça-feira (12), mas foi postergada para o dia 19. O encontro seria justamente para definir o início da vacinação no país.
Oficialmente, a pasta informou aguardar a divulgação, por parte da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), de resposta aos pedidos de uso emergencial das vacinas para dar o próximo passo. A divulgação da autorização de uso será feita no próximo domingo (17). Conforme o ministério, caso um dos imunizantes seja liberado, “a pasta planeja um evento no início da semana que vem, em Brasília, para divulgar a data de início da vacinação no Brasil”.
As vacinas em questão são as candidatas da Universidade de Oxford, em parceria com a AstraZeneca, que no Brasil será produzida em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), e da CoronaVac, da farmacêutica chinesa Sinovac, e que no país está sendo produzida em parceria com o Instituto Butantan.
As duas milhões de doses iniciais da vacina de Oxford a serem aplicadas, entretanto, estão sendo importadas da Índia, do laboratório indiano Instituto Serum. No caso da CoronaVac, do laboratório chinês Sinovac em parceria com o Instituto Butantan no Brasil, os seis milhões de imunizantes a serem utilizados inicialmente vieram prontos da China.
O ministro Eduardo Pazuello já indicou que após aprovação da Anvisa, os imunizantes devem ser distribuídos aos estados em um prazo de três a quatro dias. “A partir do momento que a autorização for feita, a partir do terceiro ou quarto dia, (a vacina) já estará nos estados e municípios para iniciar a vacinação”, declarou na última segunda-feira (11).
Caso a agência aprove algum imunizante para uso emergencial no próximo domingo, quando a diretoria colegiada da agência se reunirá para decidir sobre os pedidos do Instituto Butantan e da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), o prazo de Pazuello para distribuir as vacinas acabaria no próximo dia 21.
Doria
Se o evento for de fato realizado no dia 19, a pasta sairá na frente do governo de São Paulo, que divulgou o início da imunização para o dia 25 de janeiro. A corrida pela vacina se tornou uma disputa política entre o presidente Jair Bolsonaro e o governador João Doria (PSDB), provável opositor de Bolsonaro na campanha de 2022. Uma cerimônia antecipada evitaria que os holofotes do começo da vacinação ficassem sobre o tucano, que tem se movimentado há meses em torno da vacina CoronaVac.
O mesmo imunizante, inclusive, já foi criticado por diversas vezes pelo presidente Jair Bolsonaro. Em outubro do ano passado, o ministro Pazuello chegou a anunciar a assinatura de um memorando de intenção de compra, mas foi desautorizado pelo presidente, que garantiu à época que a “vacina chinesa de João Doria (governador de São Paulo)” não seria comprada.
Na semana passada, no dia em que o governo de SP e o Butantan anunciaram a eficácia da vacina em casos leves, moderados e graves, o ministro Pazuello fez um pronunciamento no Palácio do Planalto informando que havia assinado naquele dia um contrato com o Butantan. (CB)