Executivo chegou a anunciar que medida seria iniciada com professores, na semana que vem. Decisão ocorre após críticas do ministro da Saúde, Marcelo Queiroga.
O governo do Distrito Federal recuou da decisão de antecipar a aplicação da segunda dose das vacinas contra a Covid-19 das empresas AstraZeneca e Pfizer. Em coletiva de imprensa nesta quinta-feira (15), o secretário de Saúde, Osnei Okumoto, afirmou que aguarda orientação do Ministério da Saúdeantes de executar a medida.
Na segunda-feira (12), o governo local chegou a anunciar que ia antecipar o prazo, de 90 para 60 dias, já a partir da semana que vem, com professores. O recuo ocorre após críticas do ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, à medida, também anunciada por pelo menos outras oito unidades da federação.
Em visita ao Hospital Regional do Guará, na quarta (14), Queiroga disse que não é “adequado” que estados e municípios façam alterações sem anuência do Programa Nacional de Imunizações (PNI). O secretário Osnei Okumoto estava ao lado dele no momento da declaração (veja mais abaixo).
Justificativa
Ao anunciar a mudança no planejamento, nesta tarde, o secretário de Saúde afirmou que o governo vai observar o estoque de vacinas destinadas para segunda dose.
“Estamos estudando o nível de quantitativo de doses que serão entregues como segunda dose para todo o Brasil. A gente conversa ainda com o PNI, para que a gente observe essas recomendações”, disse.
Apesar de afirmar que a pasta vai aguardar o posicionamento do ministério, Okumoto não descartou a redução do intervalo. Ele citou questionamento da pasta ao governo federal sobre as remessas das vacinas.
“Fizemos essa manifestação para que eles pudessem nos municiar melhor em relação ao quantitativo de doses, e não nas questões técnicas relativas aos estudos clínicos”, afirmou.
O Ministério da Saúde também foi acionado pelo Fórum dos Governadores do Brasil, que cobrou orientações sobre a antecipação.
Intervalo em discussão
Na capital federal, a Secretaria de Saúde citou, entre as justificativas para a antecipação da segunda dose, o aumento da proteção contra as variantes da Covid-19.
Um estudo divulgado pela revista científica Nature, na semana passada, concluiu que uma única dose das vacinas da Pfizer ou da AstraZeneca é pouco ou nada eficiente contra as variantes delta e beta. No entanto, duas doses são capazes de neutralizá-las.
A cepa chamada de delta, identificada inicialmente na Índia, é ligada à alta de casos em vários países. Ela é apontada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como possível “dominante em circulação mundial”, “em breve”.
Pedido de manifestação
Em meio à intenção dos governos locais de antecipar a segunda dose, o Fórum de Governadores decidiu, na última terça-feira (13), encaminhar uma série de argumentos ao Ministério da Saúde para que o PNI dê orientações para a redução no intervalo das doses para os Estados que adotarem a medida.
Em uma reunião entre Queiroga e integrantes de diversos estados, o ministro afirmou que a pasta iria “analisar” a medida.
No dia seguinte, o ministro da Saúde voltou a falar sobre o tema em visita ao Hospital Regional do Guará. Queiroga criticou os estados que anteciparam as doses.
“A melhor forma de chegar a vacina para os brasileiros é através da decisão na câmara técnica do PNI com a organização tripartite [que envolve representantes dos Estados], ocorre que estados e municípios ficam alterando o que foi definido na tripartite, ao meu ver não é a melhor forma”, disse o ministro.