Rogério Maria, de 51 anos, foi diagnosticado com a doença no ano passado. Ao receber alta, ganhou a notícia que acertou bolão
Rogério Maria, de 51 anos, é morador de Campinas, São Paulo, e foi infectado pela Covid-19 no ano passado. Dos 68 dias em que ficou internado, 42 foram em coma induzido, intubado.
Após ter recebido alta hospitalar, a alegria de ter vencido a doença se dividiu com a sorte. Ele ganhou num bolão parte do prêmio da Mega-Sena da Virada em 2020.
“Aprendi a viver mais feliz. Mesmo com todas essas sequelas, mas ainda vou superá-las. Não desisti e não desisto jamais”, relatou.
Conforme o G1, o analista de sistemas de 51 anos, pai de dois filhos, foi infectado em julho, pico da primeira onda da pandemia. A piora no quadro veio rápido e ele ficou hospitalizado na Casa de Saúde de Campina.
“Sentei na cadeira de rodas e passei pelo corredor do hospital. Essa é a última lembrança que tenho daquele dia, antes dos 42 dias em coma”.
Ainda segundo o site, Rogério precisou de uma traqueostomia, teve pneumonia e infecção bacteriana em decorrência da baixa imunidade e do longo período de internação. 80% dos pulmões ficaram comprometidos.
Ainda apresentou trombose generalizada e foi submetido a 28 dias de hemodiálise.
“Minha família foi chamada duas vezes para se despedir de mim, porque os médicos não acreditavam na recuperação.”.
Esposa, Iracema Teodoro passou apreensão, angústia e dificuldades financeiras. “Era muito difícil passar as notícias dos médicos para nossos filhos”. Mas a esperança veio com a melhora sucessiva do esposo. Rogério acordou.
“Fiquei três dias sem dormir com medo de não acordar mais. O medo de não sair de lá e a saudade dos meus filhos era demais. Eu chorava todos os dias.”.
27 kg a menos e sem andar
Rogério foi para casa em setembro com 27 kg a menos, queda de cabelo e a pele escurecida pelos remédios que tomou. Teve perda de memória recente e lesões nos nervos periféricos das duas pernas, que impossibilitariam qualquer movimento por seis meses, segundo a previsão médica.
Durante a primeira quinzena em casa, tentava levantar da cama e dar alguns passos, apesar das dores e da falta de ar. Logo conseguiu caminhar pela casa, contrariando as expectativas.
“Pedi que levassem embora a cadeira de rodas, o andador e a cadeira de banho, tudo que me lembrasse da minha condição, pois eu tinha que superar o que estava passando. A partir daí, me arrastava pela casa, me apoiava em tudo.”.
Benefício negado no INSS e prêmio da Mega
Durante o coma, a família realizou um pedido de auxílio por internação médica ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), mas foi negado. A justificativa do órgão, segundo Rogério, foi que ele estaria apto a trabalhar, mesmo com o atestado de coma expedido pelo hospital.
Após novas tentativas, recebeu, até o momento, apenas uma parcela do valor a que teria direito. O G1 questionou o INSS, que disse estar analisando o caso para que os valores devidos sejam pagos corretamente. Alegou que a documentação enviada em agosto não estava de acordo com o necessário e que a perícia de Rogério está agendada para 31 de março.
“Na avaliação presencial, a perícia médica vai verificar a data de início da incapacidade, podendo definir o pagamento retroativo do auxílio.”, informou o órgão.
Em dezembro, a família recorreu a uma vaquinha online para ajudar nas despesas com o tratamento. Não imaginavam que também teriam sorte com um bolão da Mega-Sena da Virada. O grupo no qual Rogério estava acertou cinco dezenas, e cada um recebeu o valor líquido de R$ 7.325,26.
O ano de 2021 ainda tem desafios. A capacidade pulmonar foi reestabelecida, ele recuperou 13 kg e ainda aprimora os passos, sob os olhos de fisioterapeutas. Atualmente, Rogério já consegue pular, correr e fazer exercícios de força. Um recomeço após a Covid-19.
“Sou um cara alegre, estou voltando a sorrir. É uma batalha diária e minha superação está acontecendo. Tudo isso me fez dar valor às pequenas coisas da vida.”.
Com informações do G1*