Enquanto a China enfrenta o novo coronavírus e o mundo toma as precauções necessárias para que ele não se espalhe, cientistas de vários países trabalham para criar uma vacina que imunize as populações. Na próxima semana, a Organização Mundial de Saúde (OMS) fará reunião com instituições de pesquisas para avaliar como estão os esforços empreendidos e quem está na liderança da corrida.
A largada para a criação da vacina foi dada quando os chineses anunciaram o sequenciamento genético do novo vírus – as informações foram disponibilizadas em uma plataforma internacional e, além de subsidiarem diagnósticos, estão sendo usadas para elaborar uma vacina capaz de reagir à ameaça de saúde.
O mundo repete a estratégia de sucesso usada em 2015 para encarar o ebola: a Coalizão de Inovações em Preparação para Epidemias (Cepi) está financiando laboratórios de ponta para que pesquisas sobre o coronavírus sejam prioridade.
“É uma coalizão global, com doações de governos e instituições privadas, para acelerar a descoberta de vacinas e medicamentos contra vírus e bactérias que podem propiciar pandemias e emergências de saúde pública”, explica o sanitarista brasileiro Jarbas Barbosa, da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), que trabalha no comitê da OMS formado para enfrentar a nova epidemia.
Edital lançado
Logo no início da epidemia, o Cepi lançou um edital e três projetos foram selecionados para receber apoio: dois dos Estados Unidos (Moderna Therapeutics e Inovio Pharmaceuticals) e um da Austrália (da Universidade de Queensland).
No início da semana, a Cepi anunciou apoio também à farmacêutica britânica GlaxoSmithKline (GSK). Por fora, correm um projeto da Universidade de Hong Kong e outro do Instituto Pasteur, da França.
A criação atual de vacinas é feita a partir de antígenos inativados. “Busca-se o pedacinho do DNA do vírus capaz de gerar anticorpos e, a partir daí, replica-se esse pedacinho para a produção de doses de vacina”, detalha o infectologista David Urbaez, do Laboratório Exame.
Pedacinhos
No caso das iniciativas norte-americanas e da inglesa, esses “pedacinhos” já teriam sido encontrados. A fase seguinte seria iniciar os testes em animais para, em seguida, cumprir as etapas do protocolo para aprovação de vacinas em humanos.
“A fase de testes é a mais demorada, mas com o aval da OMS e diante da emergência mundial, é possível acelerar esse processo”, explica Albernaz.
A expectativa mais otimista é que a vacina fique pronta em um ano – período no qual a epidemia teria passado, mas o que não diminui a importância para estratégias futuras de prevenção.
Metrópoles