Foto: Reprodução
Comerciantes aguardam definição da Fecomércio
Em Ceilândia, lojistas abrem as portas para tentar reverter prejuízo econômico
A reunião entre o presidente da Fecomércio-DF, Francisco Maia, e o governador Ibaneis Rocha (MDB), que aconteceria ontem, para definir uma possível retomada mais ampla do comércio na cidade, foi adiada, enquanto as críticas à federação empresarial tem crescido.
O hospital prometido pela entidade e pelo Serviço Social do Comércio (Sesc) tem recebido a suspeita de empresários e de integrantes do alto escalão do governo local de que a entrega dos 400 leitos prometidos podem atrasar.
Cidades como a Ceilândia, Região Administrativa mais populosa do DF, já estão com grande parte do comércio funcionando, como chegou a antever o próprio governador Ibaneis. A reportagem conversou com empresários e funcionários de atividades diversas, de restaurantes a lojas de bijuterias e de eletrônicos.
Entretanto, o anúncio por parte do governo de que iria retomar as atividades econômicas alegrou inclusive empresários com atividades abertas de forma irregular. De maneira geral, empresários do comércio que temem o alongamento da crise financeira dos próprios negócios e têm pressionado por uma solução em meio à pandemia.
Muitos comerciantes não têm confiado nas entidades representativas, em especial, a Fecomércio-DF, que tem tomado à frente das negociações com o Buriti. Segundo alguns dos empreendedores e funcionários de estabelecimentos abertos em Ceilândia, que conversaram com a reportagem, a Fecomércio-DF não tem ajudado na abertura das atividades. A crítica se dá no entendimento de que a federação “poderia brigar mais pelos que realmente movimentam a atividade econômica, o pequeno e médio comércio”.
Um gerente de uma grande loja de eletrodomésticos explicou que associações representativas vinculadas à Fecomércio-DF defenderam a necessidade de atuarem em conjunto com o governo local, mas criticou uma suposta “falta de suporte” necessária a empreendedores da região. “Nós precisamos abrir e abrimos, não tivemos a ajuda de ninguém. É cada um por si”, declarou visivelmente irritado.
Um lojista também reclamou de um suposto “abandono” e explicou que não recebeu apoio das entidades que representam o comércio no DF quando decidiu reabrir o negócio. “Ninguém disponibilizou nada. As máscaras e o álcool (em gel) fui eu mesmo que comprei”, contou.
Lembra a reportagem que o hospital de campanha prometido pelo Sesc e pela Federação do Comércio ao Governo do Distrito Federal (GDF), com recursos da Confederação Nacional do Comércio (CNC), é entendida como a contrapartida do setor do comércio à sociedade para que as atividades possam ser abertas de maneira mais irrestrita. O problema é que há um receio de integrantes do governo e agora do setor empresariado de que o hospital venha a atrasar.
Por não se tratar de uma obra do próprio Buriti, que tem sido respaldado pelo decreto de calamidade pública, a construção da unidade de saúde precisará ser licitada e seguir a os prazos de recursos determinados pela Lei nº 8.666, o que extende o tempo de contratação da empresa que irá fornecer o serviço. Por esta razão, há uma cobrança para que haja uma celeridade na construção do hospital prometido para o dia 15 de junho.
O ex-vice-presidente da Fecomércio, Fábio de Carvalho, com atuação na federação até o ano passado, é um dos que entendem que ao assinar o termo de compromisso com o GDF, a entidade já deveria ter o projeto pronto ou ter adiantado o processo de licitação para o início das obras. “É muito estranho que em uma semana não houve nenhum encontro de um assunto tão importante e urgente como a construção de um hospital em um momento de pandemia. Se tinha 30 dias para construir, já deveria estar, ao menos, com os projetos prontos”, avaliou.
Fábio de Carvalho, também ex-presidente do Sindiatacadista-DF, lamentou que, em seu entendimento, a Fecomércio-DF não tem “entrado na ajuda a empresário na ponta”. Para ele, os comerciantes “não se sentem protegidos pelas ações da federação”.
Ele também lembra que só a CNC possui recursos suficientes para a construção do hospital intermediado pela Fecomércio do DF. Assim, o processo pode ter um novo empecilho de atraso. “A CNC deveria sim e tem condições de ajudar e fazer, mas se prometem precisam entregar”, afirmou.