Hospital HRAN- foto/Reprodução
A juíza Raquel Mundim Moraes Oliveira Barbosa, da 8ª Vara de Fazenda Pública do DF, deferiu o pedido do GDF para que André Luís Souza Costa da Silva, 45 anos, marido da paciente com o novo coronavírus no DF, seja intimado com urgência para fazer a coleta de material e o exame a fim de verificar se ele também está com a doença.
Além disso, em “nome da segurança coletiva”, a magistrada determinou que o homem não saia de sua residência até o resultado da análise. Ele terá de ficar em isolamento domiciliar, sob pena de pagamento de multa de R$ 5 mil a R$ 20 mil, em caso de descumprimento.
“O perigo de dano é manifesto. Basta lembrar que o potencial lesivo da epidemia em termos de transmissibilidade é tamanho que pôs em alerta geral todo o mundo, com repercussões que ultrapassam a preocupação exclusiva com a saúde, refletindo de forma contundente, inclusive, sobre a economia global”, ressalta a magistrada na decisão.
O Governo do Distrito Federal (GDF)acionou a Justiça para que o marido da mulher de 52 anos internada no Hospital Regional da Asa Norte (Hran) com coronavírus passe por quarentena. O GDF quer obrigar André Luís Souza Costa da Silva a ficar em isolamento domiciliar.
Enfermeiros e médicos ouvidos pela reportagem confirmaram a situação e se mostraram incomodados. Eles temem que haja contaminação no hospital, uma vez que André Luís tem andado nas dependências do Hran, inclusive pela unidade de terapia intensiva (UTI), onde a mulher está internada.
Na decisão, a juíza afirma que a coleta forçada de amostras biológicas “mostra-se legítima no caso” e cita, mais uma vez, “a urgência e seriedade da situação globalmente vivenciada”. No entanto, observa que sejam utilizados “métodos respeitosos que preservem sua dignidade na realização dos exames”.
“Soma-se a isso o fato de que a intervenção pretendida não traz qualquer risco à saúde do requerido, porque minimamente invasiva”, frisa Raquel Mundim.
Viagem à Europa
André Luís viajou com a esposa para o Reino Unido e a Suíça recentemente. A mulher começou a apresentar os sintomas em 26 de fevereiro, mas somente deu entrada no pronto-socorro do Hospital Daher, no Lago Sul, no dia 4 de março, com febre, tosse e secreções.
No dia seguinte, a paciente foi transferida para o Hran, unidade de referência para casos da doença no DF. Por causa da ida da mulher para a UTI do centro de saúde, na sexta-feira (06/03), o andar onde funcionam 10 leitos de terapia intensiva foi esvaziado para recebê-la.
Os pacientes que antes estavam internados no setor precisaram ser realocados em outras unidades de saúde do DF. Até agora, a mulher é o único caso confirmado de Covid-19 no DF.
Na semana passada, o marido dela já era considerado caso suspeito e chegou a ficar em isolamento no Hran, segundo a Secretaria de Saúde, no mesmo ambiente da esposa.
No entanto, conforme fontes do hospital relataram à reportagem, o homem nunca chegou a ficar em isolamento. “Ele entra e sai do hospital o tempo todo”, afirmou um funcionário.
Casos investigados
Com base em dados divulgados nessa segunda-feira (09/03) pelo Ministério da Saúde, o número de casos confirmados para o novo coronavírus no Brasil permanece em 25. Já os suspeitos, que estão em investigação para a realização do diagnóstico, alcançam 930.
No Distrito Federal, subiu de 24 para 41 o número de casos investigados desde domingo (08/03). Houve 24 descartados.
(Metrópoles)