Foto: PMDF/Divulgação
Encrustado no interior do Complexo Penitenciário da Papuda, o 19º Batalhão de Polícia Militar (BPM) resistia como o único lugar no sistema carcerário sem registros de contaminação pelo novo coronavírus.
O cenário mudou quando o Comando-Geral da corporação confirmou o isolamento de um militar que testou positivo para o vírus na unidade.
Apesar de a PM afirmar apenas um caso, fontes policiais do batalhão relataram que seriam, pelo menos, cinco militares infectados.
“Temos cinco policiais afastados, mas não sabemos quantos estão realmente contaminados. Os testes estão sendo aplicados somente em quem apresenta sintomas, então não sabemos quem são os assintomáticos. O batalhão tem mais de 80 policiais”, disse o militar, que pediu para não ser identificado por temer represálias.
Ainda segundo a fonte, “por enquanto, nenhum dos presos manifestou sintomas ou passou por exames para detectar a presença do vírus”.
O 19º BPM é onde ex-policiais e ex-bombeiros condenados pela Justiça cumprem pena. Nas carceragens, também ficam presos policiais que ainda aguardam julgamento e advogados condenados ou que esperam o veredito da Justiça.
O problema que chega ao 19° BPM ocorre há semanas no restante do sistema penitenciário. Na noite desta terça-feira (12/05), a quantidade de contaminados na Papuda atingiu a marca de 635 pessoas. O total de presos que testou positivo chegou a 455. Além deles, 180 policiais penais têm o vírus, sendo que outros 51 se curaram. Os dados foram divulgados pelas secretarias de Saúde e de Segurança Pública.
O número de ocorrências no sistema carcerário é maior do que em qualquer uma das 33 regiões administrativas do Distrito Federal.
Procurada pela reportagem, a PM informou que, em toda a corporação, já foram registrados 21 casos de coronavírus entre os militares. “Desses, oito policiais já se recuperaram. A PMDF ressalta que tem prestado todo apoio aos policiais que contraíram a doença e suas famílias, realizando os testes imediatamente, assim que os servidores apresentam os sintomas”, ressaltou a corporação, por meio de nota.
Primeiro caso na Papuda
No dia 3 de abril, quando foi registrado o primeiro caso de coronavírus no Complexo Penitenciário da Papuda, a grande preocupação das autoridades públicas era no sentido de evitar que a comunidade externa (agentes, advogados e os próprios familiares dos presos) contaminasse a população do presídio, levando o micro-organismo de fora para dentro.
Quarenta dias depois, o vetor se inverteu completamente. Com 635 pessoas infectadas, a Papuda tornou-se o principal foco de contaminação no Distrito Federal. Agora, o desafio é não deixar que os policiais penitenciários levem o vírus do presídio para suas casas.
Nesse sentido o GDF está providenciando quartos de hotéis para isolar policiais penais que trabalham na Papuda, com o objetivo de que eles não se tornem uma ameaça a seus familiares.
Além disso, o Comando Militar do Planalto está fazendo trabalho de descontaminação na Penitenciária do Distrito Federal I (PDF I). A ação conta com militares da Marinha do Brasil e do Exército Brasileiro.
A Secretaria de Saúde atualizou, na noite desta terça-feira (12/05), o número de casos confirmados do novo coronavírus na capital do país. Agora, o Distrito Federal tem 2.979 moradores positivos. Ao todo, 45 pessoas morreram.
(Metrópoles)