A Coreia do Norte anunciou nesta quinta-feira (12) a execução do tio do ditador do país, Kim Jong-un, sob acusação de traição.
A informação foi divulgada pela Agência Central de Notícias do país, KCNA, que é estatal.
Jang Song-thaek, de 67 anos, era considerado o número 2 no poder e o “mentor” do jovem Kim e foi retirado do cargo no início do mês sob alegações de corrupção, uso de drogas, jogo, ser “mulherengo” e por ter um meio de vida considerado “depravado”.
Ele foi condenado à morte por um tribunal militar do país, e a sentença foi cumprida imediatamente nesta quinta, anunciou a KCNA.
O governo da Coreia do Norte anunciou a execução denominando o ex-líder como mentor de uma traição e “pior que um cachorro”.
“Ideologicamente doente, extremamente ocioso e displicente, consumia drogas e desperdiçava dinheiro nos cassinos durante viagens ao exterior pagas pelo partido”, acusou a KCNA.
No momento de sua detenção, Jang foi acusado de cometer “atos criminosos” e de liderar uma “facção contrarrevolucionária”.
O anúncio da execução ocorre alguns dias após o governo de Pyongyang anunciar que Jang havia sido retirado do cargo. Ele estava incumbido de ajudar Kim Jong-un a consolidar o poder depois da morte do pai, Kim Jong-il, há dois anos.
Jang era casado com uma tia de de Kim Jong-un, chamada Kim Kyong-hui, irmã mais nova do pai do ditador.
Ele era vice-presidente da Comissão de Defesa Nacional, o principal órgão militar, até ser afastado no último dia 3. Esta comissão é o órgão mais importante na tomada de decisões no país.
A destituição havia sido o ato político mais significativo no regime stalinista norte-coreano desde a chegada ao poder de Kim Jong-un em dezembro de 2011, depois que seu pai, Kim Jong-il, morreu vítima de um infarto.
A situação de Jang Song-thaek havia sido alvo de boatos em 2009, 2010 e 2011, após sua “reeducação” em 2004 em uma siderúrgica devido a acusações de corrupção, um procedimento habitual no jogo de poder da Coreia do Norte.
A influência de Jang voltou a crescer após o ataque cerebral de Kim Jong-Ii, em 2008, e com sua morte, três anos depois.
Os meios de comunicação norte-coreanos convocaram a população a se unir em torno de seu líder, Kim Jong-un, e o jornal “Rodong Sinmun” lembrou que a Coreia do Norte “jamais perdoa os traidores”.
Os analistas estimam que a execução do segundo homem mais influente da Coreia do Norte pode desestabilizar o país.
Kim Jong-un, de 30 anos, assumiu o poder há pouco mais de dois anos, sucedendo seu pai, Kim Jong-il, falecido em dezembro de 2011. Sua juventude gera preocupação, entre os analistas e entre os rivais norte-coreanos -Coreia do Sul, Japão e EUA.
Kim Jong-il presidia o país desde a morte, em 1994, de seu pai, Kim Il-sung, fundador da República Popular Democrática da Coreia (RPDC), em 1948.