Miguel Lucena
– Hoje viro o carnal pelo avesso! – gritava Apolônio, com uma garrafa de Ice numa mão e uma de Skinkariol na outra, na quadra 213 de Santa Maria/DF, a 30 Km do Plano Piloto de Brasília.
Apolônio gosta de se mostrar. É um sujeito novo, alto, anda com as chaves do carro penduradas na cintura, espalha que é policial penal e tem uma chácara em Posse, Goiás.
Começou um namoro com Janete, a moça mais bonita da quadra, e todo domingo faz um churrasco no meio da rua, assando coração de boi e pagando cachaça para o povo. O som é ligado às alturas, mas nenhum vizinho reclama por causa da carne e da bebida de graça.
A farra de ontem foi até a meia-noite e terminou com mãe de Janete, na semana em que completou 60 anos, pendurada no pescoço de Apolônio e cantando “meu coração é verde, amarelo e branco, azul marim”.