Apesar de a Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol) ter afirmado de manhã que a Copa América 2021 será sediada no Brasil, o ministro da Casa Civil, Luiz Eduardo Ramos, afirmou na noite desta segunda-feira (31/5) que a realização do evento no país ainda está em negociação.
“Ainda não tem nada certo, estamos no meio do processo”, disse Ramos, em entrevista coletiva. “Mas não vamos nos furtar a uma demanda, caso seja possível de atender.”
A copa seria realizada na Argentina e na Colômbia mas, nos últimos dias, ambos países cancelaram o evento justificando a situação alarmante causada pela pandemia de coronavírus. Na manhã desta segunda-feira, a Conmebol publicou uma nota afirmando: “Brasil será sede da CONMEBOL Copa América. A decisão foi tomada nesta segunda-feira, após a aprovação do governo brasileiro a pedido formulado pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF)”
Segundo o texto, o presidente da CBF, Rogério Caboclo, conversou com o presidente Jair Bolsonaro, “que imediatamente apoiou a iniciativa, com a aprovação dos Ministérios da Casa Civil, da Saúde, das Relações Exteriores e da Secretaria Nacional do Esporte”.
Horas depois, Luiz Eduardo Ramos disse que ainda “não há documento firmado, apenas tratativas” sobre o Brasil se tornar sede da copa. O ministro relatou que, após o convite, foram realizadas imediatamente reuniões com representantes dos ministérios da Saúde, Cidadania, Justiça, Infraestrutura, entre outros, além de uma videoconferência com a CBF.
“É importante destacar que esse evento, caso se realize, não terá público”, afirmou Ramos, acrescentando que todos os participantes dos dez times seriam vacinados.
“Com relação às sedes, será de responsabilidade da CBF.”
Figuras públicas e usuários das redes sociais se manifestaram contra a realização da copa no Brasil, que já tem mais de 462 mil vítimas fatais da covid-19 — o segundo país com mais óbitos no mundo, atrás apenas dos Estados Unidos (com mais de 594 mil mortes).
Em entrevista à BBC News Brasil, o médico Miguel Nicolelis defendeu que até o Supremo Tribunal Federal (STF) seja acionado contra a realização do evento, que deveria ser boicotado também pela população.
“Nós viramos o escoadouro do lixo do planeta. Tudo que não deve ser feito em questão de pandemia está sendo feito aqui. Essa notícia já correu o mundo, e ninguém consegue acreditar que o segundo país em número de mortes vai sediar um evento continental”, disse Nicolelis.
Já para a Conmebol, o Brasil “vive um momento de estabilidade” na pandemia e “tem comprovada infraestrutura e experiência” na realização de grandes eventos esportivos, como a Copa do Mundo e as Olimpíadas.
Respondendo a críticas da realização do evento “em plena pandemia”, o ministro Luiz Eduardo Ramos defendeu que a Copa América teria “poucos” jogos e times se comparada aos campeonatos estaduais e brasileiro, realizados em meio à crise sanitária.
“Não sei por que algumas pessoas se pronunciaram contra o evento, se há os jogos do Campeonato Brasileiro e ocorreu os jogos dos campeonatos estaduais”, questionou o ministro. (BBC Brasil)