Maria José Rocha Lima[1]
Na abertura da Copa do Catar, o ator Morgan Freeman emocionou o mundo com a sua voz distinta e profunda, mostrando a força da diversidade cultural, em torno desse evento mundial. A apreciação da beleza da sua voz, do seu enorme talento artístico e da sua sobriedade faz com que Freeman seja frequentemente requisitado por produtores e diretores. Somente em 2005, ele emprestou sua voz a duas produções, no filme Guerra dos Mundos e no documentário vencedor do Oscar, A Marcha dos Pinguins.
A escolha de Freeman pela organização da Copa do Mundo caiu como uma luva, pelo fato de o evento de abertura ser no dia 20 de novembro, data em que é celebrada a Consciência Negra.
A escolha foi perfeita, porque Morgan Freeman é uma personalidade transcendente. Destaca-se enormemente no mundo dos simples mortais. É aquele artista que transcende em talento e que vai além dos limites de certos debates, que parecem unir para dividir. Pessoas como ele transcendem, embora sejam incompreendidos.
No seu discurso, Morgan falou: “Aquilo que nos une é maior do que aquilo que nos divide. Somos uma grande tribo, e a Terra é nossa tenda. Juntos, podemos fazer o chamado para todos se unirem a nós. O tema da cerimônia de abertura é a união de toda a raça humana, interligando diferenças por meio da humanidade, do respeito e da inclusão. O futebol permite nos unir como uma única tribo, e a Terra é a tenda em que todos nós vivemos”.
Em 2007 Clint Eastwood convidou Freeman para participar da adaptação cinematográfica da autobiografia de Mandela chamada Long Walk to Freedom, o filme se chamaria Invictus e foi lançado em 2010, Freeman foi nomeado ao Globo de Ouro de Melhor Ator – Drama e recebeu outra nomeação ao Óscar de Melhor Ator Principal pelo seu papel como Nelson Mandela.
Naquele mesmo ano, Freeman fez uma participação especial em um documentário chamado Baile de Formatura no Mississipi, que mostra que em pleno século XXI o racismo é extremo naquela região: apesar de os alunos negros e brancos estudarem juntos, havia bailes separados.
Em 2004, Freeman e algumas outras pessoas formaram a Grenada Relief Fund, para ajudar as pessoas afetadas pelo furacão Ivan em Granada, no Caribe. Posteriormente, a organização passou a se chamar PLANIT NOW e busca fornecer recursos para auxiliar no desenvolvimento das pessoas afetadas por furacões e tempestades severas.
Proponho que algum parlamentar homenageie Morgan Freeman com o Prêmio Nelson Mandela, de autoria da deputada Iara Bernardi, que dorme nas gavetas da Câmara dos Deputados, Brasília.
Ele é um emblema na luta pela igualdade racial e pela concretização do sonho de Nelson Mandela de que um dia todos compreendam que foram feitos para viver como irmãos.
[1]Maria José Rocha Lima é mestre em educação pela Universidade Federal da Bahia e doutora em psicanálise. Foi deputada de 1991 a 1999. É presidente da Casa da Educação Anísio Teixeira. E membro da Soroptimist International SI Brasília Sudoeste. Sócia Benemérita da Hora da Criança da Bahia.
Não ouvi todo o discurso, mas entendi nas palavras consistentes de Freeman em junho de 2006, em entrevista à rede de televisão CBS, convidado a comentar o Mês da Consciência Negra. E afirma de “Ridículo”, e questiona “Quando se comemora o Dia da Consciência Branca?”, repondo esse conteúdo no discurso de ontem, ” interligando diferenças por meio da humanidade, do respeito e da inclusão… juntos estamos na mesma tenda chamada Terra”.
É isso, Zezé. Vale não só a premiação, mas esforço conjunto para que sua voz seja ouvida por todo o Brasil.
desde junho de 2006
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