Unidades dão apoio às famílias em situações de vulnerabilidade social. Em abril, governo prevê inauguração de mais um espaço
“Muitas famílias passam por situações de risco, principalmente agora com a pandemia. Por isto, a intervenção da assistência social previne que haja um agravamento desta condição. Isso faz muita diferença na vida de quem é atendido”Nathália Eliza de Freitas, coordenadora de Proteção Social Básica da Secretaria de Desenvolvimento Social
Famílias vítimas de violência física, negligência, abandono, ameaça, maus tratos e discriminações sociais do Distrito Federal podem contar com dois órgãos públicos de proteção – Cras e Creas. Essas são as siglas do Centro de Referência de Assistência Social e do Centro de Referência Especializado de Assistência Social, respectivamente, que realizam a proteção social básica e proteção social especial às famílias ou indivíduos.
O Cras é responsável pela prevenção de situações de vulnerabilidade ou de risco social. Já o Creas trata das consequências e acompanha as famílias e indivíduos que sofrem violação dos direitos ou que estão vivendo situação de violência.
“Famílias que passam por situação de privação material, por contexto de rompimento de vínculos, por algum tipo de contingência ou risco, podem procurar o Cras para passarem por um atendimento socioassistencial”, afirma Nathália Eliza de Freitas, coordenadora de Proteção Social Básica da Secretaria de Desenvolvimento Social (Sedes).
O principal serviço ofertado pelo Cras é o Serviço de Atendimento e Proteção Integral às Famílias (PAIF), que envolve a escuta qualificada e o conhecimento dos processos de vida e relações sociais em que uma família está inserida. A partir dessa atividade são realizadas ações para que a família fique em uma condição mínima de proteção.
“O serviço envolve um conjunto de intervenções que variam de acordo com o contexto de cada família e pode perpassar a concessão de benefícios eventuais, de segurança alimentar ou de transferência de renda, além de processo para o fortalecimento dos vínculos familiares e comunitários, e o acesso a demais direitos sociais dos membros da família”, informa Nathália Eliza.
Atendimento integral
A partir do histórico familiar revelado por meio da escuta qualificada, são definidas as intervenções. O atendimento é feito de forma integral. “A família pode passar por um processo que chamamos de acompanhamento, ou seja, um conjunto de ações sistemáticas, ofertada por um período, para que a família desenvolva seus processos de autonomia e bem- estar”, explica a coordenadora.
Segundo ela, isto conecta as ações da assistência social com outras políticas sociais e estende o atendimento a demais membros da família. “O benefício é parte da segurança de apoio e auxílio da assistência social. Muitas vezes, a população compreende que deve ser feito somente o acesso ao benefício”, completa Nathália.
Insegurança Alimentar
Atualmente, de acordo com Sedes, a situação mais recorrente é o contexto de insegurança alimentar e privação material de diversas ordens. O motivo está diretamente relacionado a covid-19. “O contexto da pandemia tem causado um forte empobrecimento da população. Isso leva a contextos onde a família precisa de apoio e auxílio do Estado, para que não haja mais prejuízos na sua condição familiar e diminua ainda mais os seus vínculos e sua condição de subsistência”, analisa a coordenadora da Sedes.
Creas
O Creas funciona em regime de porta-aberta, ou seja, recebe demandas espontâneas, quando as próprias vítimas procuram diretamente assistência. Por causa da pandemia, esse tipo de atendimento está sendo feito de forma remota, por telefone. A maioria dos casos, no entanto, é encaminhada pela rede de proteção social, composta por órgãos do sistema de justiça e de saúde.
O atendimento é realizado por uma equipe formada por assistente social, psicólogo, educador social, agentes sociais e auxiliares em assistência social. São esses profissionais que fazem o acolhimento e desenvolvem as ações para minimizar a situação de violência ou de violação de direitos, sofrida pelo indivíduo ou família. Não existe um tempo definido para que as vítimas fiquem sob a proteção do Creas.
“As pessoas são atendidas pelo tempo que for necessário para que acabe o risco pessoal de violência ou de violação de direitos”Jean Marcel Pereira Rates, coordenador de Proteção Social e Especial do Creas
Com um atendimento regionalizado, os Creas cobrem todo o DF. Atualmente, existem 11 unidades Creas, localizadas em Brasília, Brazlândia, Ceilândia, Estrutural, Gama, Núcleo Bandeirante, Planaltina, Samambaia, Sobradinho e Taguatinga, além do Crea Diversidade, que fica na Asa Sul. Já os centros POP estão localizados na quadra 903, na Asa Sul, e em Taguatinga.
Crea Diversidade
O Crea Diversidade é uma unidade específica para grupos culturais estigmatizados, de maneira geral. “Nesse local são atendidos o público que sofreu violação de direitos ou violência, mas que são de diversidade religiosa, étnico-racial, de gênero ou sexual”, explica Jean Marcel Pereira Rates.
O trabalho pode melhorar ainda mais com as novas instalações que serão montadas no DF. A décima-segunda unidade do Crea será inaugurada em abril, em São Sebastião. Itapuã e Recanto das Emas também deverão receber unidades do órgão.
“Realizamos um trabalho de qualidade com as unidades que temos, mas poderíamos fazer um trabalho mais abrangente e melhor executado com mais unidades. Conseguiríamos não ter unidades sobrecarregadas”, reflete Jean Marcel Pereira Rates. Ceilândia, Samambaia e Gama são as unidades mais procuradas.
Agência Brasília*