Seus olhares se encontraram em meio à paisagem montanhosa da Romênia pré-histórica.
Ele era um neandertal e estava completamente nu, exceto por uma capa de pele de animal. Tinha boa postura e pele clara, talvez ligeiramente avermelhada pelo Sol. Ao redor do bíceps musculoso, usava um bracelete de garras de águia.
Ela era uma humana moderna primitiva, vestida com um casaco de pele com acabamento em pele de lobo. Tinha a pele escura, pernas longas e usava tranças no cabelo.
Ele pigarreou, olhou para ela de cima a baixo e — com uma voz anasalada e estridente — lançou sua melhor cantada.
Ela olhou de volta fixamente. Para sorte dele, eles não falavam a mesma língua. Deram uma risada meio sem jeito e, a partir daí, podemos adivinhar o que aconteceu a seguir.
Claro, pode não ter sido uma cena de romance tórrido. Talvez a mulher fosse, na verdade, neandertal, e o homem pertencesse à nossa própria espécie. Talvez o relacionamento deles fosse do tipo casual e pragmático, simplesmente porque não havia muitas pessoas por perto na época. E há quem sugira que tais relações não eram consensuais.
Embora nunca saibamos o que realmente aconteceu no encontro acima — ou em outros como este —, o que podemos ter certeza é que esse casal ficou junto.
Cerca de 37 mil a 42 mil anos depois, em fevereiro de 2002, dois exploradores fizeram uma descoberta extraordinária em um sistema de cavernas subterrâneas nas montanhas ao sudoeste dos Cárpatos, perto da cidade romena de Anina.
Chegar até lá não foi uma tarefa fácil. Primeiro, eles atravessaram um rio subterrâneo com água até o pescoço por 200 metros.
Depois, mergulharam 30 metros ao longo de uma passagem subaquática, e subiram 300 metros até a poarta ou “buraco de rato” — uma abertura pela qual eles entraram em uma câmara até então desconhecida.
Dentro da Peştera cu Oase ou “Caverna com Ossos”, eles encontraram milhares de ossos de mamíferos. Ao longo da história, acredita-se que a caverna tenha sido habitada sobretudo por ursos-das-cavernas machos — parentes extintos do urso-pardo — aos quais os ossos pertenciam em grande parte.
Entre eles, estava uma mandíbula humana, cuja datação por radiocarbono revelou ser de um dos mais antigos humanos modernos primitivos conhecidos na Europa.
Acredita-se que os restos mortais tenham sido levados naturalmente pela água para dentro da caverna e permanecido intactos desde então.
Na época, os cientistas notaram que embora a mandíbula fosse inconfundivelmente moderna em sua aparência, ela também continha algumas características incomuns, semelhantes aos neandertais. Anos depois, a suspeita foi confirmada.
Quando os cientistas analisaram o DNA extraído da descoberta em 2015, eles descobriram que o indivíduo era do sexo masculino e provavelmente de 6 a 9% neandertal.
Esta é a maior concentração já encontrada em um ser humano moderno, e cerca de três vezes a quantidade encontrada nos europeus e asiáticos atuais, cuja composição genética é de aproximadamente 1 a 3% neandertal.
Como o genoma continha grandes trechos de sequências ininterruptas de neandertal, os pesquisadores calcularam que o dono da mandíbula provavelmente teve um ancestral neandertal quatro ou seis gerações antes.
E determinaram que o cruzamento provavelmente ocorreu menos de 200 anos antes da época em que ele vivia.
Além da mandíbula, a equipe encontrou fragmentos de crânio de outro indivíduo em Peştera cu Oase, que possuía uma mistura de características semelhantes.
Os cientistas ainda não foram capazes de extrair o DNA desses restos mortais, mas, assim como a mandíbula, acredita-se que possam ter pertencido a alguém com ascendência neandertal recente.
Desde então, as evidências de que o sexo entre os humanos modernos primitivos e os neandertais não era um evento raro têm se acumulado.
Nos genomas das populações atuais, há indícios de que isso aconteceu em muitas ocasiões diferentes e em uma ampla área geográfica.
Até hoje, há pessoas carregando material genético de pelo menos duas populações diferentes de neandertais, o que uma análise sugere que eles procriaram com humanos várias vezes na Europa e na Ásia.
Na verdade, o DNA neandertal pode ser encontrado em todas as pessoas vivas hoje, incluindo naquelas de ascendência africana, cujos ancestrais não teriam tido contato direto com esse grupo. E a transferência também aconteceu no caminho inverso.
Em 2016, os cientistas descobriram que os neandertais das montanhas Altai, na Sibéria, podem ter compartilhado de 1 a 7% de sua genética com os ancestrais dos humanos modernos, que viveram cerca de 100 mil anos atrás.
Embora você possa pensar que os detalhes sórdidos dessas antigas relações se perderam na pré-história, há indícios ainda hoje por aí sobre como poderiam ter sido. A seguir, tudo o que você sempre quis saber sobre este excitante episódio da história humana.
O beijo
Em 2017, a antropóloga Laura Weyrich, da Universidade Estadual da Pensilvânia, nos Estados Unidos, descobriu a marca fantasmagórica de um parasita microscópico de 48 mil anos agarrado a um dente pré-histórico.
“Vejo os micróbios antigos como uma forma de aprender mais sobre o passado, e o tártaro é realmente a única maneira confiável de reconstruir os microrganismos que viveram dentro dos humanos antigos”, diz Weyrich.
Ela estava particularmente interessada no que os neandertais comiam e como interagiam com o ambiente. Para descobrir, sequenciou o DNA da placa dentária de dentes encontrados em três cavernas diferentes.
Duas das amostras foram retiradas de 13 neandertais encontrados em El Sidrón, no noroeste da Espanha.
O local foi recentemente alvo de intrigas, quando foi revelado que muitos desses indivíduos parecem ter sofrido de anomalias congênitas, como rótulas e vértebras deformadas e dentes de leite que permaneceram por muito tempo depois da infância.
Suspeita-se que o grupo seja composto por parentes próximos, que acumularam genes recessivos após uma longa história de endogamia.
A família não teve um final feliz — seus ossos estão gravados com sinais de que foram canibalizados. Acredita-se que estavam entre os últimos neandertais a andar na Terra.
Para a surpresa de Weyrich, um dos dentes de El Sidrón continha a assinatura genética de um microrganismo semelhante a uma bactéria, Methanobrevibacter oralis, que ainda hoje se encontra na nossa boca.
Ao comparar a versão neandertal com a versão humana moderna, ela foi capaz de estimar que as duas se separaram há cerca de 120 mil anos.
Se os neandertais e os humanos atuais sempre compartilharam os mesmos “companheiros” bucais, seria de se esperar que isso tivesse acontecido bem antes — há pelo menos 450 mil anos, quando as duas subespécies seguiram caminhos diferentes.
“O que isso significa é que o microrganismo foi transferido desde então”, diz Weyrich.
É impossível saber com certeza como isso aconteceu, mas pode estar relacionado a outra coisa que ocorreu há 120 mil anos.
“Para mim, o que é fascinante é que este também é um dos primeiros períodos em que descrevemos o cruzamento entre humanos e neandertais”, revela. “É maravilhoso ver um micróbio envolvido nessa interação.”
Segundo ela, uma possível rota para essa transferência é o beijo. “Quando você beija alguém, os micróbios orais vão e vêm entre as bocas”, explica.
“Pode ter acontecido uma vez, mas de alguma forma propagado magicamente, se o grupo de pessoas infectadas acabou sendo bem-sucedido. Mas também pode ser algo que ocorria com mais regularidade.”
Outra maneira de transferir os micróbios orais é compartilhando alimentos. E embora não haja nenhuma evidência direta de um neandertal preparando uma refeição para um humano moderno primitivo, um jantar romântico poderia ter sido uma fonte alternativa de M. oralis.
Para Weyrich, a descoberta é emocionante porque sugere que nossas interações com outros tipos de humanos, há muito tempo, moldaram as comunidades de microrganismos que carregamos hoje.
Isso levanta uma questão para Weyrich: “Nosso microbioma estaria funcionando corretamente porque coletamos microorganismos dos neandertais?”
Por exemplo, embora a M. oralis tenda a ser associada a doenças da gengiva em humanos modernos, Weyrich diz que ela foi encontrada em muitos indivíduos pré-históricos que tinham dentes perfeitamente saudáveis.
No futuro, ela pretende usar os dados coletados das placas dentárias antigas para reconstruir microbiomas orais mais saudáveis para as pessoas que vivem no mundo moderno.
Neandertais do sexo masculino ou feminino?
É impossível dizer com certeza se eram particularmente mulheres neandertais se relacionando com homens modernos primitivos, ou o contrário — mas há algumas pistas.
Em 2008, arqueólogos descobriram um osso de dedo quebrado e um único dente molar na caverna Denisova nas montanhas Altai da Rússia, de onde se revelou uma nova subespécie humana.
Durante anos, os denisovanos foram conhecidos apenas por um punhado de amostras descobertas neste local, junto com seu DNA, a partir do qual os cientistas descobriram que seu legado continua até hoje nos genomas de pessoas descendentes do leste asiático e da Melanésia.
Os denisovanos eram muito mais próximos dos neandertais do que os humanos de hoje; as duas subespécies podem ter tido linhagens que coexistiram na Ásia por centenas de milhares de anos.
Isso se tornou particularmente evidente em 2018, com a descoberta de um fragmento ósseo que pertencia a uma jovem — apelidada de Denny —, filha de mãe neandertal e pai denisovano.
Consequentemente, faria sentido se os cromossomos sexuais masculinos dos neandertais fossem semelhantes aos dos denisovanos.
Mas quando os cientistas sequenciaram o DNA de três neandertais, que viveram entre 38 mil e 53 mil anos atrás, ficaram surpresos ao descobrir que seus cromossomos Y tinham mais em comum com os dos humanos atuais.
Segundo os pesquisadores, isso é evidência de um “forte fluxo gênico” entre os neandertais e os humanos modernos primitivos — eles estavam procriando bastante entre si.
Com tanta frequência, na verdade, que conforme o número de neandertais diminuía no final de sua existência, seus cromossomos Y podem ter se extinguido e sido substituídos inteiramente pelos nossos.
Isso sugere que um número significativo de ancestrais homens dos humanos estava fazendo sexo com mulheres neandertais.
Mas a história não termina por aí. Outra pesquisa mostrou que quase exatamente o mesmo destino se abateu sobre as mitocôndrias dos neandertais — maquinário celular que ajuda a transformar açúcares em energia útil.
Elas são passadas exclusivamente das mães para os filhos, então, quando as primeiras mitocôndrias humanas modernas foram encontradas em restos mortais neandertais em 2017, deu a entender que nossas ancestrais também estavam fazendo sexo com homens neandertais.
Neste caso, é provável que o cruzamento tenha acontecido entre 270 mil e 100 mil anos atrás, quando os humanos estavam confinados principalmente à África.
Infecções sexualmente transmissíveis
Há alguns anos, Ville Pimenoff estava estudando a infecção sexualmente transmissível pelo papilomavírus humano (HPV) quando percebeu algo estranho.
Os papilomavírus são onipresentes entre os animais, incluindo ursos, golfinhos, tartarugas, cobras e pássaros — na verdade, eles foram encontrados em quase todas as espécies que foram estudadas quanto à sua presença.
Somente entre os humanos, há mais de cem cepas diferentes em circulação, que são responsáveis por 99,7% dos cânceres cervicais em todo o mundo. Destes, um dos mais letais é o HPV-16, que pode permanecer no corpo por anos, uma vez que corrompe silenciosamente as células que infecta.
Mas existe uma divisão global clara entre onde certas variantes desse vírus são encontradas. Na maior parte do planeta, é mais provável que você encontre o tipo A, enquanto na África subsaariana a maioria das pessoas está infectada com os tipos B e C.
Curiosamente, o padrão corresponde exatamente à distribuição do DNA neandertal em todo o mundo — não apenas as pessoas na África subsaariana são portadoras de cepas incomuns de HPV, como carregam relativamente pouco material genético neandertal.
Para descobrir o que estava acontecendo, Pimenoff usou a diversidade genética do tipo A hoje para calcular que surgiu há cerca de 60 mil a 120 mil anos.
Isso o torna muito mais jovem do que os outros tipos de HPV-16 — e, mais importante, foi por volta dessa época que os humanos modernos primitivos saíram da África e entraram em contato com os neandertais.
Embora seja difícil obter uma prova cabal, Pimenoff acredita que eles começaram a trocar imediatamente infecções sexualmente transmissíveis — e que a divisão das variantes do HPV-16 reflete o fato de que adquirimos o tipo A de seus ancestrais.
“Testei milhares de vezes usando técnicas computacionais, e o resultado foi sempre o mesmo — que este é o cenário mais plausível”, diz Pimenoff.
Com base na forma como os vírus do HPV se propagam hoje, ele suspeita que o vírus não foi transferido para os humanos apenas uma vez, mas em muitas ocasiões diferentes.
“Esses encontros sexuais devem ter sido bastante comuns na Eurásia, em áreas onde ambas as populações humanas estavam presentes.”
Pimenoff também acredita que a aquisição do tipo A dos neandertais explica por que ele é tão cancerígeno em humanos — como o encontramos pela primeira vez há relativamente pouco tempo, nosso sistema imunológico ainda não evoluiu para ser capaz de curar a infecção.
Na verdade, o sexo com os neandertais pode ter nos deixado com vários outros vírus, incluindo um antigo primo do HIV. Mas não há necessidade de ficar ressentido com nossos parentes há muito tempo perdidos, porque também há evidências de que passamos infecções sexualmente transmissíveis a eles — incluindo herpes.
Órgãos sexuais
Embora possa parecer grosseiro imaginar como eram os pênis e as vaginas dos neandertais, os órgãos genitais de diferentes organismos têm sido objeto de um vasto corpo de pesquisas científicas.
No momento em que este artigo foi escrito, a procura por “evolução do pênis” na ferramenta de busca de artigos acadêmicos Google Scholar retornou 98 mil resultados, enquanto “evolução da vagina” resultou em 87 mil.
O fato é que os órgãos sexuais de um animal podem revelar muito sobre seu estilo de vida, estratégia de acasalamento e história evolutiva — portanto, fazer perguntas sobre suas genitálias é apenas outro caminho para entendê-los.
O reino animal contém uma variedade caleidoscópica de designs criativos.
Isso inclui o polvo argonauta e seu pênis destacável parecido com uma minhoca, que pode nadar sozinho para acasalar com as fêmeas — uma característica prática que acredita-se ter evoluído porque os machos têm apenas cerca de 10% do tamanho das fêmeas; e as vaginas triplas dos cangurus, que possibilitam que as fêmeas fiquem perpetuamente grávidas.
Uma maneira pela qual os pênis humanos são incomuns é que eles são lisos. Nossos parentes vivos mais próximos, os chimpanzés-comum e bonobos — com quem compartilhamos cerca de 99% do nosso DNA — têm “espinhos penianos”.
Acredita-se que essas pequenas farpas, que são feitas da mesma substância da pele e do cabelo (queratina), tenham evoluído para limpar o esperma de machos concorrentes ou para irritar levemente a vagina da mulher e impedi-la de fazer sexo novamente por um tempo.
Em 2013, cientistas descobriram que o código genético para os espinhos penianos não está presente nos genomas dos neandertais e denisovanos, assim como nos humanos modernos, sugerindo que ele desapareceu de nossos ancestrais coletivos há pelo menos 800 mil anos.
Os espinhos penianos são considerados mais úteis em espécies promíscuas, onde podem ajudar os machos a competir com outros e maximizar as chances de reprodução.
Isso levou à especulação de que — assim como nós — os neandertais e denisovanos eram em sua maioria monogâmicos.
Pulando a cerca
No entanto, há algumas evidências que sugerem que os neandertais pulavam mais a cerca do que os humanos modernos.
Estudos em fetos mostraram que a presença de andrógenos, como a testosterona no útero, pode afetar a “proporção dos dedos” de uma pessoa na idade adulta — medida de comparação entre os comprimentos dos dedos indicador e anelar, que é calculada dividindo o primeiro pelo segundo.
Em um ambiente com níveis elevados de testosterona, as pessoas tendem a ter proporções menores. Isso é verdade independentemente do sexo biológico.
Desde esta descoberta, foram encontradas associações entre a “proporção dos dedos” e atratividade facial, orientação sexual, apetite pelo risco, desempenho acadêmico, como as mulheres são empáticas, como os homens parecem dominantes e até mesmo o tamanho de seus testículos — embora alguns estudos nessa área sejam controversos.
Em 2010, uma equipe de cientistas notou também um padrão entre os parentes mais próximos dos humanos.
Chimpanzés, gorilas e orangotangos — que geralmente são mais promíscuos — apresentaram uma “proporção de dedos” mais baixa em média, enquanto um humano moderno primitivo encontrado em uma caverna israelense e os humanos atuais tinham uma proporção mais alta (0,935 e 0,957, respectivamente).
Os humanos são geralmente monogâmicos, então, os pesquisadores sugeriram que pode haver uma ligação entre a proporção dos dedos de uma espécie e a estratégia sexual.
Se eles estiverem certos, os neandertais — cuja proporção estava entre os dois grupos acima (0,928) — eram ligeiramente menos monogâmicos do que os humanos modernos primitivos e os atuais.
Família
Depois que o casal neandertal-humano-moderno-primitivo do início deste artigo se formou, os dois podem ter se estabelecido perto de onde o homem vivia, com cada geração seguindo o mesmo padrão.
Evidências genéticas de neandertais sugerem que as famílias eram compostas pelos homens, suas parceiras e os filhos. As mulheres pareciam sair da casa da família quando encontravam um parceiro.
Outro indício sobre a vida amorosa entre os humanos modernos primitivos e os neandertais vem de um estudo dos genes que eles deixaram para trás no povo islandês hoje.
No ano passado, uma análise dos genomas de 27.566 desses indivíduos revelou as idades em que os neandertais costumava ter filhos: embora as mulheres fossem geralmente mais velhas do que suas homólogas humanas modernas primitivas, os homens geralmente eram pais jovens.
Se nosso casal tivesse um bebê, talvez — como outros neandertais —, a mãe o teria amamentado por cerca de nove meses e o desmamado completamente por volta dos 14 meses, mais cedo do que os humanos nas sociedades não industriais modernas.
A curiosidade em relação a esses relacionamentos antigos está revelando novas informações sobre como os neandertais viviam em geral — e por que desapareceram.
Mesmo que você não tenha interesse em humanos antigos, acredita-se que essas uniões tenham contribuído para uma série de características que os humanos modernos carregam hoje, desde o tom da pele, altura e cor do cabelo até nossos padrões de sono, humor e sistema imunológico.
Aprender sobre eles já está levando a possíveis tratamentos para doenças modernas, como medicamentos que têm como alvo um gene neandertal que pode contribuir para casos graves de covid-19.
Atualmente, acredita-se que a extinção dos neandertais, há cerca de 40 mil anos, pode ter sido em parte causada por nossa atração mútua, assim como por fatores como mudanças climáticas repentinas e endogamia.
Uma teoria emergente é que as doenças transmitidas pelas duas subespécies — como o HPV e herpes — inicialmente formaram uma barreira invisível, que os impedia de expandir seu território e, potencialmente, entrar em contato.
Nas poucas áreas em que coexistiram, eles procriaram, e os humanos modernos primitivos adquiriram genes de imunidade úteis que de repente tornaram possível se aventurar mais longe.
Mas os neandertais não tiveram essa sorte — a modelagem computacional sugere que se eles tivessem uma carga maior de doenças para começar, podem ter permanecido vulneráveis a essas novas cepas exóticas por mais tempo, independentemente do cruzamento — e isso significa que eles ficaram presos.
Posteriormente, os ancestrais dos humanos atuais chegaram a seus territórios e os exterminaram.
Outra teoria é que sua população relativamente pequena foi gradualmente absorvida pelos humanos modernos primitivos. Afinal, eles já haviam adotado amplamente nossos cromossomos Y e mitocôndrias, e pelo menos 20% de seu DNA ainda existe em pessoas vivas hoje.
Talvez o casal que ficou junto na Romênia pré-histórica viva em alguém que está lendo este artigo agora.
Leia a versão original desta reportagem (em inglês) no site Future. (CNN Brasil)