Desde 2006, a pretexto de combater a sonegação e a adulteração de combustíveis, o governo brasileiro concentrou o mercado de distribuição de combustíveis nas mãos de três empresas. A Agência Nacional do Petróleo enxerga isso como um avanço. O monopólio da Petrobras em refino e a política de preços para combustíveis afastaram petroleiras de outros países.
BR Distribuidora, Ipiranga e Raízen (joint venture formada entre a Cosan e a Shell) dominam 70% do mercado de distribuição, sendo que as duas primeiras respondem por 50% do mercado.
O governo concede um reajuste atrás do outro, sob o argumento de manter a competitividade no mercado internacional. Foram vários aumentos nos últimos meses, sem que tenha ocorrido nenhuma hecatombe no mundo.
A sanha arrecadatória leva o Estado a reajustar os preços dos combustíveis, abocanhando cerca de 40% do preço final, em tributos federais e estaduais, embora não tenha ocorrido reajustes no preço de produção, o que nos induz a considerar que há uma combinação de interesses entre o Executivo e as distribuidoras monopolistas.
No fim, quem fica no prejuízo é o consumidor, que paga a conta na hora de encher o tanque do veículo. Na esteira dos reajustes de combustíveis, sobe o preço de quase tudo o que dependa de transporte para chegar ao comprador final.
No meio do caminho, entre tantos tributos e sacrifícios, ficam espalhadas notas que vão alimentar a corrupção e a manutenção desse sistema político carcomido, viciado e malcheiroso, repleto de vigaristas e golpistas sem pudor e caráter.
Por isso, apoiei hoje o protesto dos caminhoneiros. A cidadania começa a levantar a cabeça!
*Miguel Lucena é Delegado de Polícia Civil do DF, jornalista e escritor.