Suspeito de ter recebido dinheiro do doleiro Alberto Youssef, o senador Fernando Collor de Melo (PTB-AL), ex-presidente da República, afirmou nesta segunda-feira (26) que não conhece e jamais manteve qualquer relação política ou pessoal com o suspeito de comandar um esquema de lavagem de dinheiro e evasão de divisas que teria movimentado cerca de R$ 10 bilhões. Youssef está preso desde março pela operação Lava Jato, da Polícia Federal (PF).
Na semana passada, o juiz federal do Paraná Sérgio Moro, responsável pelo processo da Lava Jato, informou ao Supremo Tribunal Federal (STF) que os policiais federais apreenderam no escritório de Youssef oito comprovantes de depósitos bancários que tiveram Collor como beneficiário. No entanto, o magistrado ressalvou à Suprema Corte “que não há qualquer indício” do envolvimento do senador com o esquema criminoso investigado pela PF.
“Quanto ao Youssef, posso afirmar de modo categórico, que não o conheço e jamais mantive com ele qualquer relacionamento de ordem pessoal e política”, declarou Collor.
Em discurso na tribuna do Senado, o parlamentar disse que a Justiça Federal do Paraná ressaltou que não há indícios de que ele tenha envolvimento com a operação Lava Jato, que desbaratou o esquema de lavagem de dinheiro de Youssef.
“O principal teor do expediente do juiz Sergio Moro ao ministro Teori Zavascki foi sua taxativa declaração de que não há qualquer envolvimento meu nos oito inquéritos da Polícia federal vinculados àquela operação [Lava Jato]. E isso é de fundamental importância e merece realce”, enfatizou.
Esta foi a primeira vez que Collor se pronunciou sobre as denúncias de que teria sido beneficiado com dinheiro do doleiro. O senador reclamou que as informações divulgadas pela imprensa se devem ao fato de os meios de comunicação estarem “inconformados” e “desiludidos” por ele ter sido absolvido pela maioria dos ministros do Supremo, em abril, pelas acusações de peculato, corrupção passiva e falsidade ideológica.
Fernando Collor informou ainda que vai pedir à Polícia Federal, ao juiz federal e ao STF informações sobre os comprovantes de depósito bancário que estariam em seu nome. Segundo ele, somente depois de obter os dados é que ele voltará a comentar o assunto. O senador de Alagoas afirmou que diferentes veículos de comunicação informaram datas distintas sobre o período dos depósitos.
“O fato é que tudo precisa ser bem esclarecido no seu devido tempo e no seu devido lugar. Por isso, estou providenciando uma consulta oficial […] no sentido de ter acesso aos documentos e a todas as informações que me dizem respeito, a começar pela exata descrição de como, por quem e em que condições foram achados os devidos comprovantes”, discursou.
A informação sobre os supostos recibos em nome de Collor fazem parte de um ofício enviado pela Justiça Federal do Paraná ao ministro Teori Zavascki. O magistrado da Suprema Corte determinou que os processos sobre a operação Lava Jato fossem remetidos ao tribunal devido à suspeita de envolvimento de três deputados federais com o esquema: André Vargas (sem partido-PR), Luiz Argôlo (Solidariedade-BA) e Cândido Vaccarezza (PT-SP).
Fonte: G1