Em abril de 2019, a ministra Cármen Lúcia, do Supremo Tribunal Federal, suspendeu uma decisão da Justiça Federal de Brasília que permitia a prática da “cura gay”. Ela atendeu a pedido do Conselho Federal de Psicologia, que entrou no Supremo contra decisão do juiz da 14ª Vara Cível em Brasília, que autorizou psicólogos a realizarem terapias do tipo.
Resolução atual do conselho, no entanto, impede que psicólogos colaborem “com eventos e serviços que proponham tratamento e cura das homossexualidades”.
Já em janeiro deste ano, segundo informou o jornal “O Globo”, Cármen Lúcia cassou a decisão da Justiça do DF e determinou o arquivamento do caso.
O G1 também ouviu a Sociedade Brasileira de Hipnose. Criada em 2016, a associação reúne cerca de 300 hipnólogos de todo país. O presidente, Erick Heslam Resende Ribeiro explica que a hipnose “não é uma terapia em si” e deve ser usada “como ferramenta para práticas éticas”.
“A hipnose tem que seguir a mesma lógica da psicologia. O profissional não consegue mudar um traço de personalidade”, diz. “Tratar vícios e doenças autoimunes…. Esses são problemas das especialidades médica e psicológica. Se o profissional não tem formação na área, isso se enquadra como exercício ilegal da profissão“.
“Ser homossexual é um traço de personalidade e não se muda. Oferecer esse tipo de tratamento e muito antiético e beira ao charlatanismo.”
Erick explica ainda que “nenhum tipo de terapia pode dar esse tipo de garantia e alerta para que as pessoas estejam alertas quando forem contratar profissionais da área. “O hipnoterapeuta que oferecer garantia de resultados não está sendo ético“.
“O que a hipnose pode fazer é ajudar a aceitar a condição. Melhorar estratégias de relacionamento de pessoas homossexuais com a família. Não se trata a homossexualidade, porque ela não é uma doença.”
O hipnoterapeuta Guilherme Alves, que atua em casos de disfunções sexuais, explica que a hipnose é um estado de transe. “O lado crítico, racional e mais analítico da pessoa fica reduzido, fazendo com que ela fique mais aberta para receber sugestões“.
“Nesse estado, é possível tratar doenças psicossomáticas e fazer mudanças de hábitos, mas uma pessoa homossexual não tem nada a ser tratado, porque não é uma doença”, explica Guilherme. “A técnica da hipnose não é perigosa, o risco é encontrar profissionais despreparados”.
(G1/DF)