Witzel foi condenado nesta sexta (30). Ele foi o 6º governador do estado a estar na mira da Justiça em menos de 4 anos. O antecessor também não concluiu o mandato: Pezão foi preso a 31 dias do fim da gestão. Antes dele, Sérgio Cabral, Garotinho, Rosinha e Moreira Franco foram detidos.
Após ser empossado governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro concedeu uma entrevista exclusiva à TV Globo e disse que vai investir em fiscalização e compliance para não se tornar alvo de escândalos de corrupção, como os que levaram ao afastamento, condenação e impeachment de Wilson Witzel e até a prisão de outros governadores do estado nos últimos anos.
“Estamos trabalhando duramente em compliance, em novos métodos de não deixar isso acontecer, tanto é que de 28 de agosto pra cá, a gente está conseguindo uma verdadeira revolução, com uma controladoria forte, com uma procuradoria forte, agora com uma secretaria de Justiça e Compliance buscando que daqui pra frente erros do passado não se repitam. Eu acho que é aprender com o passado, mas olhar para frente. Olhar para frente, não deixar que isso aconteça outra vez”, disse o governador empossado.
À tarde, Castro voltou a dar um pronunciamento e disse:
- Que seu compromisso “é criar políticas públicas para ajudar quem tem mais sofrido com a pandemia. Seja pela perda de parentes, seja pela perda de emprego provocada pela crise econômica”
- Que a concessão da Cedae vai beneficiar mais de 12 milhões de pessoas.
- Que “todos os municípios são importantes”. “Por isso, determinei a entrega igualitária de 5,8 milhões de doses de vacina contra a Covid em todo o estado”, afirmou.
- Que vai “continuar enfraquecendo as milícias”. “A força-tarefa que criamos em outubro já resultou em mais de 600 prisões. Retiramos 1,5 bilhão desses criminosos”, disse o governador.
- “O Arco Metropolitano será uma via efetiva e não sofrerá mais com as cenas de violência”.
- Disse que está melhorando as estruturas de compliance do governo para “não deixar que os erros do passado voltem a acontecer”.
Castro também fez uma referência a uma música de Chico Buarque ao afirmar que o estado precisa quebrar a desconfiança.
“Nosso estado, infelizmente hoje, ainda é a Geni do Brasil. Ainda é um estado visto com desconfiança. Mas ontem, no leilão da Cedae, ficou demonstrado que nós podemos dar a volta por cima. Mais de 100% de ágio é a prova de nós hoje estamos no caminho correto”.
Castro também pregou o diálogo, inclusive com a Alerj. O presidente da casa, André Ceciliano (PT) chegou a acusar o governador de ameaçar parlamentares às vésperas do leilão da Cedae. “Hoje, parece que estamos cometendo um crime quando dialogamos com aquele que o outro não gosta. A palavra diálogo não pode ter coloração ideológica”, afirmou.
“Agora, que estamos diante da adesão do novo Regime de Recuperação Fiscal, teremos 10 anos par nos reorganizarmos. Colocarmos a casa em ordem e enfrentarmos nossos enormes desafios sociais e econômicos”, acrescentou.
Witzel destituído
Nesta sexta (30), Wilson Witzel se tornou o primeiro governador do Rio de Janeiro a sofrer impeachment desde o fim da ditadura. Ele foi afastado do governo em agosto do ano passado e, desde então, Castro atuava como seu interino.
Witzel foi o sexto governador do estado a estar na mira da Justiça em menos de quatro anos. O antecessor também não concluiu o mandato: Pezão foi preso a 31 dias do fim da gestão. Antes dele, Sérgio Cabral, Anthony Garotinho, Rosinha Garotinho e Moreira Franco foram detidos.
Apoio do governo federal
A relação do atual governador é próxima da família presidencial. Nesta sexta-feira (30), durante o leilão da Cedae, o presidente Jair Bolsonaro e o senador Flávio Bolsonaro estiveram ao lado de Castro. Sobre a participação do governo federal na gestão estadual, o governador disse que espera que seja apenas de ajudar ao Rio.
“A participação que eu espero que eles tenham no meu governo é ajudando o estado do Rio de Janeiro. O estado precisa da ajuda do governo federal. A situação econômica do nosso estado ainda é muito difícil, precisamos de investimento aqui”, disse o governador.
Relação com a Alerj
Em seu pronunciamento, Castro fez um aceno de paz à Alerj. Na quarta-feira (28), o então governador em exercício e o deputado André Ceciliano, presidente da Assembleia, mediram forças na votação que tentava derrubar o leilão da Cedae. O presidente da Casa chegou a dizer que Castro havia ameaçado deputados.
“A semana que passou, senhor presidente, marcada por divergências, hoje faz parte do passado. E a cada passagem, cada um de nós sai com um aprendizado. É assim que eu encaro o mundo, sempre olhando para frente”, disse Castro.
Delator diz que Castro recebeu propina
A Operação Catarata, realizada em setembro do ano passado, apurava desvios de R$ 66 milhões em contratos de assistência social no governo do estado e da Prefeitura.
Um dos presos foi o empresário Marcus Vinicius Azevedo da Silva, que tinha sido assessor de Castro na Câmara. A empresa de Marcus Vinícius, segundo o Ministério Público, fazia parte das licitações de fachada.
Bruno Selem, que também foi preso no esquema e era funcionário da Servlog, diz que o dono da empresa, Flávio Chadud, pagou R$ 100 mil a Cláudio Castro em propina. Ele nega a acusação e processa o delator.
Câmeras de segurança de um shopping na Barra da Tijuca mostram o encontro. À época, Castro era vice-governador e comandava a Fundação Leão XIII, responsável por políticas de assistência social do governo do Estado, que atende a população de baixa renda e em situação de rua.
As suspeitas de participação do agora governador já foram compartilhadas com o grupo de atuação do Ministério Público que investiga pessoas com foro especial na esfera estadual.
Cláudio Castro nega qualquer ato ilícito.